Filosofia Escolástica

A filosofia escolástica ou entendida como apenas escolástica surgiu na Europa entre os séculos IX e XIV d.C e permaneceu até o inicio do renascimento no século XVI sendo considerada o ultimo período da filosofia medieval. A escolástica foi desenvolvida através de escolas e monastérios cristãos tornando-se uma filosofia de pensamento com influência de Platão e posteriormente por Aristóteles sendo considerada uma das principais vertentes de pensamento da filosofia medieval

Nos estabelecimentos de ensinos a qual filosofia escolástica teve suas primeiras raízes de surgimento eram ensinadas as chamadas artes liberais que consistia em dois grupos distintos o trívio e o quadrívio, o trívio era formado pelos campos da gramática, lógica e retórica, e o quadrívio pela aritmética, geometria, astronomia e música disciplinas essas presentes nas Universidades medievais.

Os dois grupos de conhecimento eram transmitidos dos professores que eram figuras religiosas como os padres teólogos e estudiosos em geral que influenciou o pensamento critico e filosófico juntamente com as áreas de conhecimento citadas acima.

A filosofia escolástica teve como principal representante nada menos que São Tomás de Aquino (1225-1274 d.C) visto como um importante pensador e teólogo de sua época que ficou conhecido como o “Príncipe da Escolástica.”

Portanto, chamava-se de escolástica todo método de pensamento critico e os trabalhos feitos nas universidades medievais da Europa fundada pela igreja que eram o conjunto do pensamento e do saber dos intelectuais, acima de tudo o uso da razão como uma ferramenta indispensável no que tange tanto a teologia como a filosofia.

Vamos conhecer um pouco mais dessa corrente filosófica?

CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA ESCOLÁSTICA

No período escolástico houve a tentativa dos pensadores de justificar a fé pela razão, ou seja, a fé por si só tinha um sentido próprio, mas os pensadores da época sentiram a necessidade de explicar melhor os dogmas e os preceitos da igreja e encontraram na razão uma justificativa racional das questões teológicas, lembrando que na idade média (V-XV) a igreja era a principal figura de poder e controlava assuntos importantes sobre os aspectos políticos, sociais e econômicos.

Lembrando que desde era patrística já havia uma discussão acerca do ambiente católico e a grande divergência em questões teológicas.

E assim surgiu a termologia “Questio disputatios” que eram disputas entre os pensadores e alunos de seminários sobre questões importantes dentro da tradição filosófica como a questão “ Dos universais” voltados para assuntos da metafísica e da lógica.

Na idade média se seguia um padrão dialético a fim de se obter conhecimento, basicamente era colocada uma questão, o autor criava uma consideração do argumento de ambas às partes que se confrontavam e assim durante o processo surgiam pontos de vistas do escritor nas obras escolásticas e concebia-se o método escolástico de aprendizagem, a qual retirava o conhecimento através do debate de ideias e o bom uso da lógica formal.  

Na era dos escolásticos o estudo era quase tudo em cima da oratória, da dialética e da retórica.

O principal objetivo que se estabeleceu a escolástica nas universidades de toda Europa era justamente provar a existência de Deus e os dogmas da igreja como verdadeiro através da síntese, ou seja, união entre a filosofia ou razão e a teologia, estudo da fé.

Além disso, diversos outros temas foram abordados como deus e o homem, razão e fé, corpo e alma, o universo e o poder relacionado com o poder papal e real.

Veja também:

PRINCIPAIS PENSADORES

É nesse cenário de disputas intelectuais da idade média que surge Santo Anselmo de Cantuária (1034-1109 d.C) visto como um monge agostiniano que foi considerado o primeiro grande pensador escolástico no século XI com a tentativa de provar Deus através do argumento antológico que diz:

“A mera possibilidade de conseguirmos conceber um ser tão perfeito como Deus isso por si só é a prova que ele existe na realidade.”

Assim, santo Anselmo desenvolveu “O argumento ontológico” que prova a existência de Deus.

Nesse período surgiram pensadores importantes como São tomas de Aquino (1225-1274 d.C) que também foi concebido como o principal expoente da corrente filosófica tanto que a escolástica é dividida em pré e pós tomistas que surgiu em uma Europa do século XII impactada culturalmente com a reintrodução das obras de Aristóteles trazidas e traduzidas por árabes muçulmanos e é assim que filosofia platônica aliada aos escritos de Agostinho deixa de ser a centralidade de todo o pensamento cristão e a filosofia aristotélica passa a ser a principal fonte de estudo da teologia unindo assim a fé e a razão que possibilitou o auge da escolástica no século XIII.

São tomas de Aquino introduziu basicamente nesse período os estudos da filosofia de Aristóteles que se perdeu entre a tradição medieval por conta da dificuldade de acesso, assim, a partir das principais concepções de Aristóteles Santo Agostinho desenvolveu a sua filosofia com muitos aspectos em cima da filosofia aristotélica que possibilitou uma fé católica racional e fundamentada não só na fé, mas também na razão.

As chamadas “cinco vias” que prova a existência de Deus é o principal legado da tradição escolástica de São tomas de Aquino para a posteridade.

Além desses dois grandes pensadores, podemos citar alguns outros como Alberto Magno (1193-1280) que foi professor de São tomas, Roger Bacon (1220-1292) um dos maiores cientistas de todos os tempos, São Boaventura (1221-1274), Pedro Abelardo (1079-1142), Duns Escoto (1266-1308 d.C) e Guilherme de Ockham (1285-1347) sendo que os dois últimos ficaram conhecidos principalmente pelos estudos voltados para a filosofia da lógica, Alberto foi considerado professor de São tomas de Aquino e incentivador dos estudos da filosofia da natureza.

Assim, com esses pensadores, houve o fortalecimento do estudo da lógica dentro da filosofia medieval.

Não deixe de conferir:

PATRÍSTICA X ESCOLÁSTICA

A diferenciação que se faz da filosofia patrística, ou seja, dos padres da igreja ou traduzido como pais da igreja dos primeiros séculos do cristianismo com a posterior tradição escolástica está marcada pela forma em que ambos lidaram com a filosofia grega.

Os patrísticos e os primeiros escolásticos anteriores a são tomas de Aquino não admitiam que sob nenhuma hipótese a ciência fosse separada da teologia, pois a razão e fé estão sempre atreladas uma a outra, em alguns casos os patrísticos davam valor só a fé em detrimento da razão.

Lembrando que Santo Agostinho (354-430) foi o principal representante da corrente a qual abordou temas importantes como o ecletismo, maniqueísmo, ceticismo, Neoplatonismo e alguns aspectos da filosofia de Platão.

Já com a introdução do pensamento aristotélico com são tomas de Aquino trouxe a concepção de teologia independente da filosofia com a razão a serviço da fé.

Com a introdução das obras de Aristóteles nas universidades européias no final do século XII os escolásticos em sua absoluta maioria começaram a adotar a concepção de teologia independente da filosofia, embora eles compreendessem que a própria tivesse em serviço da teologia.

DECADÊNCIA DO PENSAMENTO

O século 13 foi considerado o século de ouro da escolástica, que como mesmo destacado teve como principal figura São tomas de Aquino que afirmou que fé e razão têm papeis distintos, só que são complementares, uma vez que levam a um só objetivo: compreender Deus e a realidade por ele criada.

E o debate sobre a autonomia ou não acerca da razão e a fé continuou até Guilherme de Ockham colocar uma pedra sobre o assunto no século XIV ao demonstrar a separação entre razão e fé com as novas descobertas da ciência moderna concebendo novos horizontes a discussão.

Nos séculos XIV e XV a corrente filosófica começou a presenciar certa decadência especialmente pelo fato das grandes renovações culturais e o advento do renascentismo e o fim da idade média da Europa.

Porém com o fim da idade média e inicio da contra-reforma católica contra os protestantes houve grandes escritos tardios sobre a escolástica de extrema importância e propiciou o surgimento dos chamados “escolásticos tardios” que eram economistas católicos do século XVI que deram todas as noções básicas em que se sustentaram os princípios econômicos hoje tão difundidos pelo mundo.

Outros artigos recomendados: