Zygmunh Bauman, como passar pela vida sem ao menos ter escutado o nome desse grande sociólogo e escritor. Zygmunh com sua sensibilidade e inteligência transmitiu pensamentos além do seu tempo, um desvelador da vida com olhar profundo e necessário para as relações humanas.
O sociólogo e filósofo polonês é umas das mentes mais brilhantes que o mundo já presenciou, nasceu no dia 19 de novembro de 1925, na cidade de Poznan, Polônia, e veio a falecer no dia 9 de janeiro, de 2017, na cidade de Leeds, Reino Unido, foi um dos grandes pensadores do século XX.
Bauman durante sua vida escreveu sobre variados temas, principalmente temas voltados para as relações humanas. Seus principais pensamentos intelectuais começaram a surgir na Universidade de Varsóvia, infelizmente foi nesse período que sofreu diversas perseguições, perseguições essas que ocorreram em um contexto comunista soviético de Josef Stalin e não podemos esquecer-nos da ocupação nazista na polônia, na segunda guerra mundial.
Diante desse cenário, Bauman decidiu mudar-se para a Inglaterra, posteriormente esteve presente na EUA e Canadá, mas foi na Inglaterra que viveu grande parte da sua vida intelectual e alguns momentos na Austrália.
Bauman morreu aos 91 anos de idade e devido à grande longevidade de vida, o sociólogo e filósofo conheceu muito sobre o mundo. O século XX foi uma época de diversos conflitos, já na sua juventude, presenciou a ocupação nazista, e com ela, a segunda guerra mundial, considerada a maior catástrofe já ocorrida em todos os tempos na história, e para, além disso, Zygmunt testemunhou momentos da guerra fria, a queda do muro de Berlim, e as grandes mudanças na sociedade, principalmente no campo tecnológico, e a partir disso, pode obter sua grande gama de conhecimento e escrever suas principais obras.
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Já no período dos anos 70, Bauman atingiu sua profundidade como pensador contemporâneo, foi nesse período que alcançou o grande auge de intelectualidade no âmbito sociológico, começou aprofundar em pesquisas, temas, tendo grande influência da corrente marxista, principalmente em questões ligadas a Pós-modernidade, campo esse que trouxe grandes reflexões para as escritas de suas principais obras.
Foi na Inglaterra, na universidade de Leeds, que pode exprimir todas suas ideias sobre a modernidade liquida concepção essa que o tornou conhecido e respeitado em todo mundo.
A modernidade liquida trás a anti globalização e anti-capitalismo, ou seja, o autor critica o mundo consumista e um mundo de laços fracos.
Casou-se com a escritora Janina Lewinson-Bauman com quem teve três filhas, veio a falecer no dia 9 de janeiro de 2017.
Principais pensamentos de Zygmunh Bauman
Bauman com os seus conhecimentos profundos sobre a modernidade permitiu-o que escrevesse sobre as principais angustias existentes nos seres humanos, angustias essas que partem do principio das relações sociais, para ele a pressa de encontrar um par perfeito, a pressa por achar um parceiro que alimente a alma, a vida, gera uma meta idealista e não uma realidade concreta.
Os seus pensamentos e obras remetem ideias sobre as principais conexões feitas entre as pessoas, ou seja, conexões sociais e emocionais, através de uma sociedade contemporânea, em uma era abarcada e conhecida como Pós Modernidade.
O amor líquido é uma das principais reflexões trazidas por Bauman, os casais na grande procura de um parceiro, acabam transformando seus relacionamentos, em relacionamentos “abertos”, que para o pensador, são portas de escape que possibilitam novas relações sociais, relações essas que demonstram a falta de efetividade humana, ou seja, as pessoas estão sempre buscando interagir, conversar, buscar, mas não vivenciam a interação de fato, ou seja, não estão dispostas a se comprometer, são laços fluidos, chamado de amor liquido pelo autor, é a liquidez que não finca que não permanece.
A fluidez dos líquidos é uma marca da sociedade contemporânea, característica essa presente na própria modernidade, ou seja, na era da globalização, nessa era tudo ocorre com tanta rapidez que acaba respingando nas relações pessoais.
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Para ele, a globalização e com ela o grande surgimento da tecnologia, fez com que as pessoas se tornassem individualistas, ele cita: “Os telefones celulares ajudam a ficarmos conectados àqueles que estão a grandes distâncias. Mais do que conectar, os celulares permitem preservar essa distância.”
Por conta desses pensamentos, foi considerado um grande “pessimista”, o mesmo não olhava as relações amorosas como união, compartilhamento, para eles os relacionamentos nos tempos atuais escorrem pelos dedos, não há integração entre os indivíduos, não há identidades compartilhadas.
Além desses aspectos líquidos sociais, Bauman estendeu seus pensamentos para áreas da globalização, ética, comunicação, e política, fatores esses que escreveu em uma sociedade na virada do século.
Para ele, o individualismo no mundo consumista ajuda o enriquecimento sem precedentes daqueles já detentores de riqueza.
Bauman tinha pensamentos profundos em um mundo que para ele era totalmente liquido, o mesmo coloca a grande fluidez das relações efetivas e sociais.
Principais Obras de Zygmunh Bauman
O sociólogo e filósofo escreveu suas principais obras baseadas nas reflexões pós modernistas, foram mais de 50 livros escritos e cerca de 30 foram traduzidos e lançados no Brasil, e foi a partir desse contexto, que escreveu uma das suas obras mais brilhantes, a chamada “Modernidade Liquida”, é nessa obra, que o pensador faz um estudo profundo sobre o mundo moderno, as características das industrializações, as transformações da racionalidade, e o que mundo do século XX presenciou.
A obra modernidade liquida foi publicada no final dos anos 80 e inicio dos anos 90, trás análises e pensamentos de como o mundo contemporâneo construiu uma sociedade da informação. Tanto que o mesmo cita o motivo do nome da obra: “Escolhi chamar de modernidade líquida a crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza, a única certeza.”
Outra obra que foi considerada continuação de modernidade liquida, é a “Vida liquida”, obra publicada em 2007 com nuances mais profundas.
A obra “O Mal Estar Pós modernidade”, é outra produção de grande relevância do sociólogo, a mesma trás pensamentos de como nós, indivíduos, deixamos a liberdade voar para conquistar a segurança, ou seja, acreditando que as tecnologias criadas colaborariam para uma população mais segura, mas será? Como nossa vida “livre”, é na verdade uma vida “ Vigiada”, por isso o nome da obra, o mal estar pós modernidade.
A chamada “Vidas Desperdiçadas” de 2005, é outra obra que teve grande repercussão, a mesma retrata em suas paginas o grande consumismo das pessoas na Pós modernidade, e devido a esse consumismo, há pessoas que simplesmente são descartadas na sociedade do consumo, população essa pobre, que infelizmente nem entram nas estatísticas.
Vidas em fragmentos, 2011, é uma obra que Bauman relata todas as perseguições que sofreu durante sua vida.
Amor liquido, 2004, é um livro de encher os olhos, o livro trás a fragilidade dos laços humanos, laços esses corrompidos e relacionamentos cada vez mais inflexíveis, gerando níveis de inseguranças cada vez maiores.
E por fim, vida a crédito, 2010, nesse livro ele trás percepções da nossa vida contemporânea atual, no sistema financeiro.
Além dessas memoráveis obras, o escritor escreveu outras várias de grande relevância para a sociedade a qual hoje vivemos:
- Modernidade e Holocausto (1989)
- Pensamento sociologicamente (1990)
- Ética Pós Moderna (1993)
- Globalização (1998)
- Em busca da Política (1999)
- Comunidade (2000)
- Vidas desperdiçadas (2003)
- Identidade (2004)
- Medo Liquido (2006)
- Vidas para consumo (2007)
- Tempos Liquidos (2007)
- A arte da vida (2008)
- Vigilância liquida (2013)
- Retrotopia (2017)
Ufa, muitas obras, e ainda há outras que podem ser conferidas.
Além dessas obras, Bauman deixou uma carga muito grande de reflexões, reflexões essas que infelizmente não foram publicadas em vida, e por esse fato, há diversas outras obras de Bauman que foram publicadas posteriormente a sua morte em 2017.
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Curiosidades:
Em uma entrevista concedida ao Brasil em 2015, o entrevistador questiona Bauman:
“Estamos superados do mundo moderno”? O filósofo então olhou para a câmera, refletiu, e respondeu: “Nós não superamos o mundo moderno, estamos no mundo moderno contido com outras características e formas, ou seja, um mundo líquido.
Em outra pergunta, o entrevistador o questionou novamente: “Bauman, você se considera mais inteligente que Aristóteles”? Bauman responde:” Jamais, eu me considero com mais informações que Aristóteles e não com mais conhecimento.”
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Para registrar…
Como mesmo podemos conferir, Zygmunh foi e é um escritor além desse tempo, e passar a vida sem conhecê-lo é um grande desperdício, segue abaixo uma entrevista que ele concedeu, falando sobre os seus principais pensamentos:
Nesse outro vídeo, Bauman fala um pouco do amor liquido, uma das principais obras do sociólogo, na onde ele trás que os laços humanos são fracos e frágeis, e o significado de amor, já não é o mesmo significado de tempos atrás , amor esse corrompido pela tecnologia: “Hoje os relacionamentos escorrem por entre os dedos”.
6 Frases memoráveis de Zygmunh Bauman
“As redes Sociais são uma Armadilha”
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“Tudo é mais fácil na vida virtual, mas perdemos a arte das relações sociais e da amizade”.
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“Esquecemos o amor, a amizade, os sentimentos, o trabalho bem feito. O que se consome, o que se compra, são apenas sedativos morais que tranquilizam seus escrúpulos éticos”.
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“Os grupos de amigos ou as comunidades de bairro não te aceitam sem dar razão, mas ser membro de um grupo no Facebook é facílimo. Você pode ter mais de 500 contatos sem sair de casa, você aperta um botão e pronto”.
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“Foi uma catástrofe arrastar a classe média à precariedade. O conflito não é mais entre classes, é de cada um com a sociedade”.
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“As desigualdades sempre existiram, mas de vários séculos para cá se acreditou que a educação podia restabelecer a igualdade de oportunidades. Agora, 51% dos jovens diplomados estão desempregados e aqueles que têm trabalho têm empregos muito abaixo das suas qualificações. As grandes mudanças na história nunca vieram dos pobres, mas da frustração das pessoas com grandes expectativas que nunca se cumpriram”.
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