Racionalismo
O racionalismo pode ser compreendido como uma corrente filosófica que contempla a ideia que apenas através da racionalidade humana que se pode adquirir o verdadeiro conhecimento, alegando que o saber gerado pelos sentidos é enganoso.
Por toda a história a filosofia se pautou em descobrir da onde advinha o conhecimento e as suas principais vertentes, e foi nesse caminho que gerou a tentativa de dar a resposta ideal a tal questionamento concebendo assim as duas principais correntes filosóficas: o racionalismo e o empirismo.
Como mesmo a palavra denomina, empirismo deriva do grego “empeiria” que significa experiência, fator esse que é extremamente rejeitado pelos racionalistas.
Nesse contexto, os racionalistas alegam que todas as coisas existentes existem por um fator único, e esse fator se dá através do pensamento inteligível, não tendo possibilidades de ser comprovadas e testadas empiricamente. A verdade absoluta só pode ser atingida de fato através da razão.
Nesse caso, não há discussões com os racionalistas, a razão é que fundamenta todo conhecimento que já é adquirido antes de nascermos, ou seja, a constituição do famoso pensamento das “Ideias Inatas” criada por Descartes.
AFINAL, O QUE É O RACIONALISMO?
O racionalismo surgiu como uma corrente antagônica ao empirismo, antes de tudo, é necessário saber a origem da palavra, o termo empirismo deriva do latim “empiria” que significa experiência.
Para os filósofos racionalistas algumas ideias são inatas, ou seja, nós já nascemos com elas, além desse fator, o papel da mente na percepção e na organização da informação obtida pelos sentidos seria muito mais ativo em vista do que aceitam os empiristas.
Por fim, os racionalistas sustentam que muitos estados mentais e processos psicológicos são inconscientes.
A mente para a corrente, não apenas organiza e armazenam informações na memória, ela também atribui significados a essas informações que não teriam de outra maneira como empregá-las, assim, para a corrente, existem estruturas, operações e habilidades mentais que são inatas, e nós utilizamos esses recursos inatos para analisar as informações que nos chegam pelos sentidos.
No contexto racional, é entendido que existem conhecimentos sobre o mundo que não podem resultar apenas na organização automática das nossas experiências, elas resultam da dedução lógica, analise e argumentação, ou seja, a informação oferecida pelos sentidos necessariamente precisam ser digeridas por um sistema racional para que certos tipos de conhecimentos possam ser descobertos.
Nesse sentido, os racionalistas buscam entender como funcionam os mecanismos, habilidades e faculdades mentais que processam os conteúdos dos nossos pensamentos.
MORALIDADE
A moralidade humana para os empiristas é resultado da experiência, da memória, do associacionismo e do hedonismo, o último é a busca dos prazeres evitando a dor.
Para os racionalistas, existem motivos racionais das quais certas ações são percebidas pelas pessoas como mais adequadas em vista de outros, quer dizer que o comportamento moral seria resultado da compreensão de certos princípios morais.
Por exemplo, vamos imaginar que alguém está dirigindo um veiculo a 60 km/ h limite esse permitido, tal comportamento é resultado da compreensão da legislação através de um processo de análise e reflexão.
Descartes (Racionalismo Cartesiano)
O racionalismo a partir de Descartes (1596-1656) pode ser conhecido também como racionalismo cartesiano que se iniciou através da aproximação de algumas teorias matemáticas dentro da metafísica e a filosofia.
Para descartes, era necessário chegar a um pensamento lógico e concreto, o primeiro principio trazido por ele é a negação da verdade, uma espécie de ceticismo inicial, suspender o juízo e colocar em questão a dúvida chamando esse processo de duvida metódica (organizada através de um método) e Hiperbólica (exagerada).
A principal obra do filósofo sobre o racionalismo é o “Discurso do método” a qual citou:
“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída entre os homens.”
Essa frase já representa uma das suas principais concepções as Ideias Inatas, na concepção cartesiana é como se o ser humano tivesse sido criado com todas as ideias e conhecimentos possíveis inatos, e na medida em que o homem vai vivenciando e buscando essa racionalidade ele vai encontrando essas ideias no intelecto.
A partir disso o pensador criou toda uma teoria para fundamentar a sua concepção criando as quatro regras para se atingir o conhecimento verdadeiro:
1 Evidência: Consiste em aceitar como verdadeiro apenas o que é claro e distinto, ou seja, só é aceito aquilo que se tem certeza, negando qualquer tipo de conhecimento empírico, pois parte do principio que os sentidos podem ser enganosos.
2 Análise: Nessa etapa o problema é divido em partes para ser melhor estudado.
3 Síntese: Ir do mais simples ao mais complexo.
4 Enumeração: Enumerar as partes e facilitar a revisão
Portanto, Descartes conseguiu chegar ao seu conhecimento verdadeiro racional a qual o ser humano pode verdadeiramente conhecer. A partir do “Cogito Cartesiano” é necessário duvidar inicialmente do conhecimento, no segundo momento duvidar da própria existência, a partir disso, conclui-se que se ao duvidar, estou pensando, ou seja, “ Penso, Logo existo”
RACIONALISMO X EMPIRISMO
Como já sabemos, o racionalismo e o empirismo foram duas correntes de grande oposição de pensamento, enquanto o empirismo acreditava que todo conhecimento é proveniente da experiência sensorial, ou seja, o contato do ser com o mundo, nesse sentido caberia a mente o papel secundário e até automático de organizar as informações obtidas pela experiência.
Diferentemente do pensamento racional, que concebe a ideia que é só a partir da racionalidade humana que podemos enquanto seres pensantes adquirir o verdadeiro conhecimento das coisas.
Veja na tabela a seguir as principais diferenças:
RACIONALISMO | EMPIRISMO | |
Método | Os empiristas enfatizam a dedução e as ciências exatas como a matemática e a geometria. | Já o empirismo acredita como melhor compreendimento do conhecimento humano o método indutivo e experimental. |
Principais pensadores | Platão que garantiu certa influência aos racionalistas com a sua teoria “Mundo das Ideias”, René Descartes com as ideias Inatas. | Jonh Locke com a concepção da “Tabula Rasa” e David Hume transmitiu a ideia de sentimento x lembranças acerca das experiências humanas. |
Kant (1724-1804) ficou conhecido com o seu apriorismo kantiano, ou seja, o filósofo no século XVIII coloca um fim na guerra entre as correntes, concluindo que as duas escolas necessitam da unificação, pois o conhecimento começa pelos sentidos, mas termina pela razão, nesse sentido, Kant valoriza tanto os sentidos, tanto a razão.
RACIONALISMO X RENASCIMENTO
O racionalismo foi uma forma de pensamento que propiciou a passagem de mudança de mentalidade do Renascimento, contexto esse inserido em modificações econômicas e políticas no século XV marcado na Itália. O período ficou conhecido como um movimento cultural a qual teve inicio com a queda do feudalismo e outras vertentes medievais da época.
No âmbito Brasileiro no ano de 1910 houve a constituição do racionalismo cristão que surgiu no país através do movimento espírita.
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