A República de Platão: Platão (428-347 a.C) foi um dos principais discípulos de Sócrates e é considerado uma das mentes mais espetaculares da Grécia antiga. Em suas obras, encontramos o que ele mesmo denominou de diálogos socráticos, Platão, como seguidor de Sócrates, anotava todos os seus pensamentos, e por esse fato, conseguiu conceber a sua genialidade em suas escritas, mas não foi apenas Platão que reproduziu os diálogos socráticos, Xenofontes, também chegou a reiterar algumas falas do filósofo em suas obras.
Os diálogos escritos por Platão são falas entre Sócrates e cidadãos gregos, diálogos esses considerados os únicos meios que propiciou a descoberta dos seus principais pensamentos e teorias, principalmente o seu método socrático de inquirição.
A obra de maior destaque de Platão é “A república” a mesma foi escrita há séculos e séculos atrás, precisadamente em 380 a.C a obra trás concepções e diálogos ricos em temas profundos, como o campo político, filosófico, social, imortalidade da alma, educação, dentre outros. O diálogo em “A República” trás a concepção da cidade ideal, ou seja, uma cidade baseada em uma administração harmônica, livre de anarquias e interesses particulares, toda a conversa tem o cenário da casa de Polemarco, tendo como principais personagens: Sócrates, Glauco e Adimanto, irmãos de Platão, Nicerato, Polemarco, Lísias, Céfalo e Trasímaco, lembrando que Sócrates é o narrador e principal personagem de todo diálogo.
A República é considerada um dos diálogos mais extensos e complexos já escritos por Platão, a sua estrutura é composta por nada menos que dez partes, contendo os principais fundamentos do seu pensamento filosófico.
Principais concepções da Republica de Platão
A República de Platão conceitua dois elementos principais do diálogo de Sócrates: A cidade ideal e o conceito de justiça.
Vamos entendê-las?
- O nome da obra “A república” nada mais que é que uma cidade ideal idealizada pelo filósofo em seus diálogos, para ele era necessário um novo modelo de aristocracia baseada no saber, e não apenas em tradições e bens. A cidade bela só será concebida através do conhecimento pleno, e esses conhecimentos advêm do “rei filósofo” a qual deveria governar a cidade, já os magistrados são representados por aqueles que naturalmente possuem o dom do conhecimento, da fala, e depois de um longo caminho de preparo estariam prontos para assumir o cargo.
O sistema de governo representado por Sócrates é conhecido como uma espécie de sofocracia, palavra essa que vem do grego (sophrós-sábio e Kratia-poder).
- Já a concepção de justiça é o fator principal do diálogo entre Sócrates e os seus interlocutores, todo contexto esta envolto na definição correta de justiça, o filósofo acredita que toda forma de justiça está ligada a virtude, ou seja, a justiça para Sócrates é uma das maiores virtudes já existentes, e para ser colocada em prática, é preciso compreende-la.
Os dois primeiros livros da república são inteiramente dedicados a essa discussão, nos diálogos é possível perceber as dificuldades para definir o significado da palavra.
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LIVRO I e II
Nos primeiros dois livros procura-se achar a definição da justiça e de como ela seria aplicada na sociedade de uma maneira que atenderia a todos. O diálogo começa com Sócrates indo à casa de Céfalo, e com a passagem dos jogos olímpicos, Sócrates questiona a definição de justiça com os seus interlocutores, a partir desse diálogo surgiram diversas definições de Justiça e várias delas foram refutadas por Sócrates.
O dialogo se estende tanto, que Trasimaco, um sofista da época, cansado da conversa, afirma que o filósofo não queria achar a definição para tal conceito, e sim, apenas jogar com os argumentos e discordar dos interlocutores sem apresentar nenhuma definição pronta.
Observe as principais teorias de justiça que foram debatidas no diálogo:
- Céfalo, anfitrião do encontro em sua casa, diz: “A Justiça é dizer a verdade e restituir o que é do outro.” (Concepção essa refutada por Sócrates)
- Eis que entra Polemarco, filho de Céfalo, e diz: “Justiça como o ato de dar benefícios aos amigos e prejuízos aos inimigos.” (Mais uma vez refutada pelo filósofo, o mesmo compreende que o mal nunca será um ato de justiça.)
- Trasimaco: “Justiça é o que é vantajoso para o mais forte, ou seja, o governo” (Sócrates discorda novamente)
Com todas as teorias refutadas, os irmãos de Platão entram no diálogo, Glauco faz uma ligação da justiça com o mito do anel de Giges, o mesmo cita que os povos em geral sofrem com as injustiças praticadas contra elas, mas por outro lado da moeda, tiram proveitos da corrupção, ou seja, um tipo de injustiça. Concluindo, para Glauco as pessoas tiram proveitos de situações que as beneficiem, e com isso, acabam se corrompendo.
Exemplo do Mito do anel de Giges: “Certo pastor de ovelhas caminhava em meio a uma tempestade de muito vento, e no caminho, encontrou um cadáver com um anel no dedo, pensativo, o pastor decide pegar o anel para si e voltar para a cidade, regressando a cidade, percebe-se que o anel tinha um grande poder, o poder da invisibilidade, com isso, Giges decide entrar no castelo real e seduzir a rainha, e com a mesma, planeja a morte do rei.
Com o plano dando certo, o rei veio a falecer, Giges tomou o seu lugar e começa a governar de uma forma tirana.
Com os fatos narrados, Glauco esperava ter convencido Sócrates, a qual a justiça não era uma virtude, mas sim a aparência do justo, pois todos são corruptíveis, mas, o irmão de Glauco refuta tal concepção, alegando que a justiça era sim uma virtude, e que os justos são recompensados pela sua justiça, seja pelos deuses ou pelo reconhecimento daqueles que ficam após sua morte.
Mas, Sócrates, difícil que só, compreende os argumentos de ambos e até faz elogios, mas os refuta, e diz que é impossível achar uma definição para a justiça partindo sempre do principio de questões pontuais e prontas, e só é possível achar a definição através de um pensamento mais amplo.
É apenas no livro IV, que Sócrates chega a uma conclusão sobre a justiça, o mesmo cita: “O equilíbrio e a harmonia entre as partes da cidade.” Considerada para ele, uma forma de Justiça.
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A cidade ideal de Platão
É a partir da definição de Justiça, que Sócrates procura determinar o conceito de cidade ideal, juntamente com Glauco e Adimanto.
Todos procuram entender a cidade como pólo dividido em três partes essenciais: A primeira, segunda e terceira classe, e todas, deveriam estar harmonicamente alinhadas e conectadas.
Para eles, a primeira classe de cidadãos, é a classe ligada a atividades mais básicas do cotidiano, como o sustento e o cultivo da terra.
Já a segunda Classe, teriam atividades mais importantes no teor de habilidades, ou seja, seriam representados por guerreiros e teriam como missão a proteção da cidade
Já a ultima classe, é os nobres estudiosos e detentores do conhecimento, dedicando a busca do saber para governar a cidade, pois só eles teriam o conhecimento necessário que a política necessita.
Como esse cenário, as classes são separadas em grupos de acordo com o nível de atuação e conhecimento, criando assim, uma cidade ideal e harmônica, podendo ser definidas como a alma humana em três classes: bronze, prata e ouro. Platão cita:
“Assim como a cidade, a alma obtém sua plenitude através da relação harmônica entre as partes que integram o todo.”
Mito da Caverna
Na obra a “República”, Platão conceitua uma das suas principais passagens, O mito da caverna.
O mito da caverna é a representação de um prisioneiro preso em uma caverna escura, prisioneiro esse que não possui nenhum conhecimento do mundo exterior, certo dia, o prisioneiro consegue se soltar das correntes e descobrir que existia um mundo além da caverna, o mesmo, encantado com sua descoberta, volta para a caverna para tentar libertar os outros e contar sua grande descoberta, mas, ao tentar contar o ocorrido, todos zombam da sua cara, e é morto pelos prisioneiros.
É nessa metáfora que Platão conceitua o papel do conhecimento, ou seja, o conhecimento adquirido pelo prisioneiro libertaria a todos, mas a ignorância, preconceitos e opiniões, não o deixaram completar a missão.
O conhecimento é à saída da caverna, e o filósofo, é aquele que mesmo conhecendo a verdade, não fica satisfeito, e sente a necessidade de partilhar esse conhecimento com outras pessoas, ou seja, os prisioneiros, os libertando da ignorância, mesmo que isso p o destinasse a morte, fatos esses ocorridos na vida de Sócrates.
Quando Sócrates tentou repassar seu conhecimento e tirar o povo grego da ignorância da verdade, foi julgado e condenado por praticar corrupção a juventude e heresias, o levando a morte. A morte de Sócrates foi um fator importante para a continuidade da filosofia platônica, o mito da caverna é uma metáfora sobre a vida de Sócrates e o papel primordial do campo filosófico.
Conteúdo original, não se esqueça de referenciar: Disponível em: < https://resumos.soescola.com/filosofia/a-republica-de-platao/>
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