Niilismo
O niilismo visto em seu sentido original é um termo utilizado para designar doutrinas que recusam a reconhecer valores importantes para a existência humana, segundo o dicionário de filosofia (Nicola Abbagnano), em outras palavras, o niilismo é disposto para identificar comportamentos que não valorizam os chamados “aspectos superiores” de um segmento doutrinário e seus ideais.
O niilismo é uma corrente filosófica que está presente tanto na filosofia, nas artes em geral e na literatura, é uma filosofia pautada no ceticismo, ceticismo esse que vai de encontro com as escolas positivistas e materialistas, em linhas gerais, a palavra niilismo vem do latim “nihil” e significa “nada”, é o vazio, é a representação cética da realidade e a descrença dos valores morais.
Você ainda deve estar se perguntando a forma clara do significado do termo, vejamos um exemplo:
- Vamos imaginar um determinado individuo esse mesmo individuo age de acordo com suas necessidades e vontades sem levar em conta os chamados valores superiores.
O niilismo visto nesse exemplo é entendido como a morte dos sentidos, o vazio, o fim da existência, é a falta de respostas aos questionamentos humanos, nada existe. É o sujeito que não crê em mais nada, tenta encontrar respostas para a vida e não as encontra.
É possível observar que a corrente filosófica é compreendida de duas maneiras, alguns estudiosos a vê como algo negativo, destrutivo, anarquista, é a negação de todos os preceitos religiosos, políticos e sociais, e outros já a vê como o caminho para o reconhecimento de outras verdades.
Vamos conhecer os principais filósofos Niilistas?
FILÓSOFOS NIILISTAS
Foram os muitos filósofos alemães que aprofundaram os estudos na corrente filosófica, podemos pontuar alguns deles:
- Friedrich Schlegel (1772-1829)
- Friedrich Hegel (1770-1831)
- Friedrich Nietzsche (1844-1900)
- Martin Heidegger (1889-1976)
- Ernst Junger (1895-1998)
- Arthur Schopenhauer (1788-1860)
O PENSAMENTO DE NIETZSCHE
Nietzsche foi um grande crítico do niilismo, praticamente em todas as suas obras escritas há críticas relevantes ao segmento, tanto que o termo visto pelo seu olhar é totalmente oposto ao niilismo original:
“Em nome do céu nega-se a terra, em nome do céu blasfema-se contra a terra, em nome de valores absolutos e superiores, nega-se os corpos e seus tesões.”
O niilista é aquele que nega tudo que é material, ou seja, tudo que ocorre em sua vida é em troca de valores superiores.
A crítica feita ao segmento não está direcionada diretamente as pessoas, embora possa atingi-las de alguma maneira, e sim, as diferentes correntes filosóficas tradicionais que possuíam em suas bases ideias abstratas que levava a algo superior a realidade.
Vejamos alguns exemplos:
Crítica ao pensamento de Platão: Sabemos que Platão concebeu a idéia da existência de dois mundos, o mundo sensível e o inteligível, e para ele, é somente no mundo inteligível (mundo das ideias) que é encontrada a verdadeira essência de todas as coisas, essa essência é livre de qualquer enganação dos sentidos humanos.
No cristianismo: A idéia do cristianismo é simplesmente idêntica a idéia de Platão, a única diferença é que a concepção é direcionada aos povos, para a religião acredita-se que há um mundo superior e perfeito, mundo esse livre de pecados e imperfeições do mundo terreno, o segmento prega que para alcançar esse mundo perfeito e sem sofrimentos, é necessário passar um por processo de dores e redenção no mundo material, para um dia usufruir do mundo perfeito.
A partir desses dois exemplos, Nietzsche conclui que qualquer pensamento pós socrático que concebe a divisão de dois mundos, é niilista por essência, ou seja, a partir do momento que o campo filosófico estabelece determinadas verdades e com ela doutrinas, são dois fatores que decorrem um valor superior e extraterreno, e para ser alcançados é negado o mundo material e suas vertentes.
Para ele, o niilismo está contido na falsidade dos ensinamentos cristãos, e com base nisso, tudo perde o seu real sentido, ou seja, o homem percebe que vive para o nada, que tudo vai se acabar, e por esse fato, há desmotivação e perda total de suas vontades, para o pensador, a divindade perde espaço e torna-se desnecessária.
Nietzsche utilizou o niilismo para compreender melhor a vida, considerando não o fim, mas um meio para elevar a humanidade para uma melhor condição.
“O que eu narro é a historia dos próximos dois séculos […] descrevo aquilo que vem: a ascensão do niilismo. Posso descrevê-lo porque aqui se passa algo necessário – os sinais disso estão por toda parte; faltam apenas os olhos para tais sinais. Aqui, não louvo, nem censuro que ela venha; creio numa das maiores crises, num instante da mais profunda autor reflexão do homem.” ( Nietzsche, Fragmentos póstumos, 1887.).
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AS 4 FORMAS DE NIILISMO
Gilles Deleuze (1925-1995) foi um filósofo Francês que cogitou as 4 formas de niilismo:
Niilismo Negativo
O niilismo negativo é a negação do mundo diante dos valores, o niilista cria diversos outros tipos de mundos para poder passar pelo verdadeiro, o mundo material, dos sentidos, para eles, o mundo a qual vivemos é ruim, e acredita que Deus o vê como um escolhido para transportar ao mundo da verdade, do bem, acreditando em uma vida após a morte, esse conceito é visto no mundo das ideias de Platão ou no paraíso visto no cristianismo.
Niilismo Reativo
O niilismo reativo é compreendido a partir do surgimento da razão cientifica razão essa que rejeita a concepção de paraíso dada pelo cristianismo, o niilismo reativo busca as principais realizações e a construção da felicidade no mundo material, reconhecido como o mundo moderno.
Niilismo Passivo
O niilismo passivo foge de tudo aquilo que é Deus e humano, ou seja, para o segmento nada existe, nada vale a pena, é a descrença total da existência das coisas, fatos esses que são claramente vistos no mundo moderno e contemporâneo.
Niilismo Ativo
Esse é o tipo de Niilismo que ocorre nas chamadas “perdas civilizatórias”, a negação nega-se a si própria, ou seja, é um processo de cansaço, cansaço esse de se opor a vida e sua existência, é a chamada queda abissal.
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OS TIPOS DE NIILISMO
O niilismo pode ser compreendido em princípios fundamentais: moral, ético, existencial, político e negativo:
O niilismo moral são todas as ações que não podem ser consideradas morais ou não imorais, reconhecida também como niilismo ético.
Já o niilismo existencial é a significação do ser humano em sua existência, ou seja, a existência humana para esse segmento não tem nenhum sentido ou importância, e por esse fato, o homem perde tempo procurando sentidos para a sua vida.
Niilismo Político concentra a destruição de todas as forças políticas, sociais e religiosas, a destruição de todas essas forças é a construção de um futuro melhor.
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