Mito da Caverna

O Mito da Caverna que também pode ser descrita como Alegoria da Caverna é uma das principais obras de Platão (428/27-328/27 a.C) o mesmo é considerado uma das figuras mais importantes do pensamento filosófico, Platão concebeu concepções importantes acerca da história da filosofia e a construção do pensamento da mesma.

O mito da caverna foi escrito com grande influência do método dialético de Sócrates (470-399 a.C), mestre de Platão, a qual concebeu quatro fatores fundamentais que ao mesmo tempo em que pode levar ao conhecimento real consequentemente pode levar também a ignorância, ou seja, a luz das ideias leva ao conhecimento e a escuridão leva a ignorância, ou seja, é necessário reconhecer a própria ignorância, ou seja, “Saber que nada sei”, e a partir disso abrir um caminho de busca pelo conhecimento.

Quase todas as obras de Platão são representadas em formas de diálogos, e a alegoria da caverna não seria diferente, a obra pode ser encontrada e lida em “A republica” no livro VIII dentre os X livros dispostos na obra que aborda assuntos acerca da concepção de justiça, como uma cidade deve ser organizada, passa por vários temas como estética, política, e tem como principal personagem Sócrates.

RESUMO DO MITO

Vamos imaginar prisioneiros escravizados desde a infância que passaram toda a sua vida aprisionados em uma caverna escura, os mesmos foram presos de forma que não conseguem olhar para trás, apenas para a parede, em suas costas, há a presença de inúmeras fogueiras, e entre eles e a fogueira há um caminho que diariamente passam diversas pessoas e objetos por ela.

Nesse cenário, as pessoas que passam por esse caminho criam sombras misteriosas na parede, sendo o único mundo que os prisioneiros conhecem como real, ou seja, as sombras e os ecos dos objetos é a real realidade.

Mito da Caverna

Posteriormente a isso, um dos prisioneiros consegue se libertar das correntes e fugir da caverna, nesse sentido, ele consegue acessar o mundo exterior, e aos poucos começou a se acostumar com a claridade dos raios solares, assim, o prisioneiro finalmente libertado, começou a vivenciar o mundo real pela primeira vez nunca antes conhecido.

 O mundo exterior não se parecia com nada com que ele poderia imaginar, com a nova percepção sobre o mundo e as coisas, sentiu a necessidade de voltar à caverna e compartilhar com os outros prisioneiros o conhecimento obtido, mas os prisioneiros não conseguiram reconhecer o próprio amigo, a voz do prisioneiro libertado soou como um eco desconhecido e distorcido, e o seu corpo na sombra transmitia um tamanho gigantesco e até mesmo grotesco.

Nesse fator, os acorrentados não conseguiram identificar o companheiro e muito menos interpretar a fantástica descoberta feita pelo mesmo, a sua história sobre o mundo fora da caverna não surtiu efeito sob os amigos acorrentados, que não acreditaram que poderia vir a existir um mundo fora da caverna.

ANÁLISE DA ALEGORIA DA CAVERNA

A alegoria da caverna demonstra de forma alegórica a teoria do conhecimento de Platão, durante o texto podemos perceber que há duas formas de conhecimentos principais: O sensível e o Inteligível, nessa percepção, o conhecimento inteligível é um saber mais seguro e confiável, representado pelo mundo exterior, ou seja, além da caverna, já o conhecimento sensível é um conhecimento fadado ao erro uma vez que é mais suscetível a enganação.

Em linhas gerais, a caverna é a representação do mundo sensível, ou seja, o mundo sensível gera conhecimentos superficiais das aparências, como as sombras, levando o homem à ignorância.

Já o lado de fora da caverna é visto como um dos conhecimentos mais profundos das ideias e das formas, ou seja, o conhecimento inteligível. A luz do sol refletida transparece a ideia do bem e o conhecimento supremo e racional.

No mito da caverna Platão propõe a ideia de como a filosofia pode curar a cegueira humana através da reflexão conduzindo o ser a sabedoria.

CURIOSIDADE

O filme Matrix de 1999 dirigido pelas irmãs Wachowski fez uma referencia a alegoria da caverna de Platão. Nesse filme há um personagem principal chamado “Neo” que é um hacker que consegue entre aspas “ sair da caverna”, pois ele descobre uma realidade muito além daquela que ele julgava conhecer.

Neon enquanto Hacker descobre um programa de computador que controla todas as pessoas do mundo e faz as mesmas acreditarem em uma realidade que não existe.

A Matrix é uma realidade falsa criada transformando o mundo em um lugar aparente, ou seja, uma realidade falsa, levando à pessoa a ignorância.

PRINCIPAIS LIÇÕES

A primeira lição que pode ser compreendida é que as coisas materiais são apenas sombras, pois desaparecem rapidamente sendo assim estáveis e passageiros, levando a uma alegria momentânea. As riquezas, honras e prazeres para Platão podem ser vistos como elementos constituintes secundários e de forma alguma devem ser mais importantes que as coisas essenciais, como o conhecimento real e os bens da alma.

A segunda lição proposta é que ficar dentro da caverna acaba sendo mais tentador e fácil para a vida humana, pois sair da zona de conforto é uma meta difícil e representa a libertação das algemas, das amarras, dos costumes, e a partir dessa libertação assumir responsabilidades da própria vida, porém é mais fácil continuar nas sombras e não fazer nenhum esforço para sair da inércia.

A terceira lição é que a luz pode incomodar, nessa concepção é difícil enxergar a luz do bem, a luz que leva ao conhecimento sem ignorâncias, ou seja, é difícil liberta-se da cegueira da ignorância, aceitar a mesma e os erros é um grande passo para o conhecimento verdadeiro.

A quarta lição é preciso habituar-se para contemplar o mundo superior, pois no mundo material, dos sentidos, não são todos que estão conectados com o espiritual, para isso se faz necessário contemplar a luz que revela o divino e a sua grandeza.

A última lição é devolver o bem que se recebeu, nesse sentido podemos comparar com o ex prisioneiro da caverna, que após ter sido iluminado pelo bem foi impulsionado a levar esse bem para outras pessoas da caverna, nesse sentido, se cada um de nós, enquanto indivíduos de uma sociedade, se comprometer a levar o bem, o mundo seria bem melhor.