Platão (428 a.C – 447 a.C) foi um dos mais importantes filósofos gregos da sua época e considerado uma das mentes mais brilhantes de sua geração de pensadores a qual seu pensamento permaneceu para a posterioridade.
O filósofo grego foi discípulo de Sócrates e professor de Aristóteles, o mesmo escreveu sobre diversos tipos de assuntos tais como política, estética, cosmologia, epistemologia, dentre outros.
Ate hoje são feitas referências ao amor “platônico” e aos ideias platônicos, a busca pela verdade e pelo conhecimento formou a base de grande parte da filosofia ocidental.
Biografia de Platão
Não se sabe muito bem a data concreta de nascimento de Platão, algumas fontes citam que ocorreu em torno de 428 a.C e outras 424 a.C, de qualquer maneira, foi um nascimento em berço de ouro, os pais de Platão faziam parte da nobreza ateniense, como outras crianças nascidas em famílias importantes e de alto escalão, Platão recebeu a melhor educação possível a qual se dedicou aos estudos da filosofia, poesia, leitura e ginástica, tanto que foi considerado um grande atleta a qual o possibilitou a sua participação em diversos jogos como lutador.
Durante a sua juventude pode presenciar a chamada “Guerra dos polinésios” e desde muito novo pode ver o caos político a qual envolveu a derrota final de Atenas na Esparta, posteriormente dois dos seus parentes acenderam ao poder no novo governo fase essa que ficou conhecida como” A tirania dos trinta” esse grupo negava aos atenienses seus direitos fundamentais, mas felizmente governaram por um curto período de tempo e assim a democracia foi retomada em Atenas.
Pelo fato de ter vindo de um contexto familiar inserido na política, era de ser esperar que Platão também seguisse o mesmo caminho, mas quando conheceu Sócrates a sua vida tomou outro rumo, o filósofo ficou inspirado pela filosofia de Sócrates e a sua busca pelo conhecimento e virtude, mas infelizmente Sócrates, o seu grande mestre, foi condenado à morte acusado por ter corrompido a juventude ateniense, incluindo Platão.
Platão, visto como um grande amigo, tentou evitar a sua condenação, mas Sócrates resolveu acatar a sentença de morte e a partir desse acontecimento Platão ficou revoltado com a política e dedicou a sua vida a filosofia como seu mestre Sócrates.
Apesar de ser conhecido como discípulo de Sócrates Platão também teve grande influência de Pitágoras e dentre outros pensadores, depois da morte do seu grande mestre, Platão saiu de Atenas e ficou viajando pelo mundo por pelo menos 12 anos estudando matemática com os pitagóricos na Itália e geometria e astronomia no Egito.
Durante suas viagens adquiriu uma grande carga de conhecimento e assim começou a escrever seus primeiros diálogos que tinha como principal personagem Sócrates e seus ensinamentos, como Sócrates não escreveu nenhuma obra própria esses diálogos representaram e ainda representam o pouco que sem tem sobre o pensador contidos em “Fragmento da La republica de Platão” e” Eutifron de Platão”
Platão não gostava muito de escrever sobre si mesmo, mas havia alguns relatos de alguns membros de sua família, demonstrando que ele possuía um grande orgulho da sua constituição familiar.
O mesmo veio a falecer em 347 a.C ano esse que estava terminando o seu tratado “As Leis”.
Principais obras
Platão durante sua vida finalizou 35 diálogos e 13 cartas que ficaram conhecidas como epístolas, mas há duvidas sobre a real veracidade de algumas delas. As obras de Platão podem ser divididas em três fases principais:
- A primeira fase de obras é conhecida como “Os primeiros diálogos” que inclui a apologia e o grito com os principais ensinamentos de Sócrates.
- Já a segunda fase é entendida como “Os diálogos finais” podemos citar a república obra essa dividida em 10 volumes e o simpósio que traduzem a teoria das formas de Platão e a relação entre a alma, o estado e o universo.
- E por fim os chamados “trabalhos da fase mais madura” reúnem As leis e Timon que abordam assuntos com a lei, a matemática e as ciências naturais.
- E Dentre outras como banquete e Fedro.
Academia do Platão
Depois de muito tempo, Platão retornou a Atenas e fundou a sua academia que ficou conhecida como “Academia de Platão” por volta de 387 a.c, à mesma foi considerada a primeira instituição de ensino superior no ocidente a qual era concebido conhecimentos acerca da astronomia, matemática, biologia, política e filosofia.
O método socrático era utilizado como forma de discussão racional onde determinada hipótese era examinada através de várias perguntas, se de maneira lógica essas perguntas conduzissem a algum tipo de contradição se adotava uma nova verdade.
Varias e varias gerações foram educadas na academia até ela ter sido destruída quando Atenas foi conquistada pelos romanos, mas foi reavivada no século V com os neoplatônicos que se consideravam sucessores de Platão.
Mas no ano de 529 a.C o imperador Justiniano I fechou a academia de uma vez por todas ele o considerava uma ameaça a vertente do cristianismo.
Teoria das ideias
O platonismo é conhecido como o conjunto das ideias de Platão, e a teoria das formas ou das ideias é o coração do pensamento platonista.
Segundo Platão, tudo que existe no mundo físico chamado por ele de “mundo sensível” é a manifestação de uma forma e ideia, ou seja, tudo que tocamos são manifestações de formas inferiores puras que existem no abstrato, tudo que o ser experimenta nos sentidos como o tocar, o ver, o ouvir e sentir são cópias materiais imperfeitas do mundo inteligível, ou seja, do mundo das ideias e com elas as formas puras das coisas.
Para Platão todas as coisas têm uma essência essa essência é uma forma pura separada da manifestação material.
Assim cria-se a teoria dos dois mundos, a qual o mundo sensível carrega apenas representações imperfeitas de imagens que não correspondem às coisas e as suas verdades e está fadada a opiniões e crenças a qual o verdadeiro conhecimento não pode ser obtido.
Já o mundo inteligível abriga os objetos matemáticos, as formas puras e o bem, segundo Platão quando o ser raciocina matematicamente e vai além de opiniões e crenças oferecidas por imagens e objetos e o ser passa de fato a usar o raciocínio e ter o conhecimento, mas o saber matemático não é a forma mais elevada de conhecimento, segundo Platão, o pensamento filosófico é o tipo de raciocínio mais elevado, pois abraça as formas puras em si mesmas.
Teoria da reminiscência
Sabemos que o pensamento de Platão sofreu influências significativas dos pitagóricos, para Pitágoras o ser tem uma alma imortal e a forma mais elevada de pensamento é a razão, que é uma característica da alma imortal, Platão por sua vez ampliou essa ideia e concebeu que a alma antes de ser implantada no corpo vivia no mundo das formas, no mundo do conhecimento concreto.
Assim, depois da alma entrar no corpo a experiência oferecida pelos sentidos no mundo material começa a contaminar esse conhecimento e a única forma de chegar novamente ao conhecimento verdadeiro é superando a experiência sensorial.
Para superar a experiência sensorial é necessário conhecer o conhecimento oferecido pelo mundo das aparências e assim compreender as outras formas de conhecimento, como o matemático e o filosófico.
Na teoria da reminiscência todo conhecimento é inato, ou seja, o ser já nasce com todo saber em mente e é necessário sempre buscá-lo.
Alma
Platão acredita que a alma é imortal e que a racionalidade é uma de suas características e além de tudo o filósofo acreditava que a mesma possuía dois componentes essências: O ímpeto e o apetite que também fazem parte do corpo, logo, essas características não são imortais.
Para Platão o ser humano está sempre em conflito consigo mesmo, pois o corpo tem apetites como à fome, a sede e o sexo, os mesmos precisam ser satisfeitos, é algo que move o ser humano diariamente.
Já a ímpeto se relaciona com as emoções como o medo, amor e o ódio, elementos que interferem nas ações.
Assim, se o ser quiser atingir o verdadeiro conhecimento é preciso neutralizar esses dois componentes através da racionalidade. Platão afirma que o ser que possui uma alma racional é por natureza não impulsiva, sua vida é orientada por princípios morais e objetivos de longos prazos, na visão de Platão o objetivo supremo da vida é tornar a alma mais livre possível das limitações e deixar de lado as urgências do corpo.
Alegoria da caverna
Na famosa alegoria da caverna Platão descreve alguns prisioneiros vivendo dentro de uma caverna escura acorrentados por uma corrente a qual apenas conseguem avistar sombras transmitidas pelo fogo do mundo exterior.
Na perspectiva dos prisioneiros essas sombras são a realidade, visto por Platão como o mundo dos sentidos, ou seja, conhecimento superficial das coisas acontece que certo dia um dos prisioneiros consegue se livrar das correntes e sair da caverna.
Enquanto saia da caverna o fugitivo se depara com a fogueira, as pessoas, e os objetos que só conseguia avistar pelas sombras, saindo completamente da caverna a qual ele deixa o mundo sensível e entra no mundo inteligível enxergando a verdadeira realidade, ou seja, aquela que está além das aparências.
Os prisioneiros representam as pessoas que se deixam levar pela experiência sensorial e as confunde com a realidade e o homem que foge da caverna representa aquele que vê além das impressões e sensações e tem os seus comportamentos orientados pela razão.
Para Platão os matemáticos e os filósofos seriam os homens mais aptos a deixar a caverna.