Jean-Jacques Rousseau, mais conhecido como Rousseau, foi um importante filósofo suíço e ficou conhecido como um dos principais nomes do iluminismo do século XVIII. Algumas das suas obras deixadas são consideradas radicais, tanto que influenciou importantes movimentos em sua época, como a Revolução Francesa, de 1789 e a Revolução Haitiana que durou entre os anos de 1971-1804.
Breve Biografia
Jean Jacques Rousseau nasceu em 1712 na cidade de Genebra-Suiça, foi filósofo, escritor, teórico político e um grande compositor musical, como mesmo mencionado, foi uma das figuras mais importantes do iluminismo Francês e precursor do romantismo.
Em sua infância não chegou a conhecer a própria mãe, a mesma faleceu após o trabalho de parto, o pai de Rousseau veio a falecer quando o mesmo tinha apenas 10 anos de idade, com esse contexto, Rousseau cresceu sem a figura paterna e materna, desenvolvendo uma juventude bastante agitada.
O filósofo aprendeu a ler e escrever ainda muito novo, lembrando que o mesmo não teve uma educação regular, e sim, por curtos períodos, e por esse fato não frequentou nenhuma universidade.
Nesse cenário, Rousseau precisou começar a trabalhar muito cedo e sentiu na pele a exploração e os maus tratos que advinham do local a qual trabalhava, na adolescência voltando para a cidade natal, encontra os portões fechados, por esse fato, começou a vagar, e acaba tendo como amante uma rica senhora, que sobre os seus cuidados em Paris acaba estudando música e filosofia.
Com o passar do tempo se aprimorou na música e obteve sucesso com algumas de suas óperas, intitulado como “O adivinho da Vila”.
Aos 37 anos de idade, após ganhar um concurso de ópera, Rousseau se torna famoso entre a elite, e é convidado para participar de discussões e jantares para expor suas ideias, entretanto aqueles tipos de ambientes não o agradava.
Algumas teorias contam que Rousseau teve 5 filhos com sua amante, mas optou por colocá-los em um orfanato, fase essa considerada controversa em sua história, pois anos depois escreveu um livro sobre como deve-se educar um filho.
Já na sua fase mais madura, por volta dos 50 anos de idade, escreveu a obra “O contrato Social.” e “ Émilie ou da Educação”, consideradas as principais obras escritas por ele.
Muitas pessoas foram contra as suas obras, principalmente o clero, que despejaram diversos ataques e o considerou inimigo da ordem publica e da religião, tanto que o parlamento de Paris queimou na fogueira a sua obra “Émilie ou da educação” e o condenou a prisão, mas Rousseau conseguiu fugir e se esconder no interior da França, e durante esse período, escreveu outras diversas obras de cunho romântico, pedagógico e político.
Rousseau era adapto a uma religião natural, a qual as pessoas estão livres para encontrar Deus em seu próprio coração.
Após uma vasta produção intelectual e exilar-se por diversas vezes e em diferentes lugares, com apenas 66 anos veio a falecer.
Veja também:
Conceito de estado de natureza e liberdade
Em suas principais concepções, Rousseau concebeu a teoria do Estado de Natureza, ou seja, um estado sem a formação de leis e corpo social, núcleo esse que se opunha ao estado hobbesiano, Thomas Hobby centrava a ideia que o homem era mau em seu estado de natureza, ou seja, sem a designação de leis, o ser humano vive em um estado selvagem de guerra, onde cada um possui a sua origem maligna e por natureza torna-se mau.
Diferentemente desse cenário de pensamento, Jean Jacques acreditava que o homem é desprovido de seus sentidos, e por esse fato, os desejos humanos são apenas satisfeitos com a natureza, exemplo: comer, dormir, beber água, assim o homem não pode ser considerado mau ou hostil, características essas ao ponto de prejudicar os outros, ou seja, para Rousseau o Homem era representação do bom selvagem, conceito esse que influenciou o romantismo do século XIX.
Na maioria das vezes, a falta de racionalidade, ou seja, a razão faz com que o ser humano passe a viver em sua fase natural, e quando a razão é construída e adquirida aos poucos, passa-se a reconhecer os outros como o nosso “alter-ego”, constituindo assim a sociedade.
Assim, o ser humano através da racionalidade passa a liberdade natural para uma liberdade civil.
Contrato social
A partir do estado de natureza e com a liberdade, Rousseau passa a desenvolver e acreditar na ideia de contrato social, uma espécie de governo de formação da sociedade e com ela a transição do estado de natureza para um estado pautado na organização civil.
Segundo Rousseau, o contrato social deve partir na garantia da liberdade a todos, ideia essa que se opunha a teoria de Jonh Locke, para ele, a passagem do estado de natureza para um contrato social acontece a partir do momento que o estado começa a garantir as liberdades individuais, ou seja, os direitos individuais, que segundo ele, são direitos inalienáveis de três tipos: Direito a sua liberdade, direito a sua vida e por fim, direito a propriedade, o estado deve garantir que se tenha o direito à propriedade privada, mas se houver condições.
Rousseau não apanha essa ideia, tanto que para ele o estado social deve garantir a liberdade de todos, ou seja, a vontade geral, a sociedade no olhar Jean Jacques é o corpo, e esse corpo tem uma vontade geral, e nessa vontade o mesmo tece criticas a propriedade privada de Jonh Lock, pois a partir do momento que se tem uma propriedade privada, você acaba possuindo mais que o outro, ou seja, apenas a minoria vai ter acesso à propriedade privada, gerando a tão conhecida “desigualdade social”, alguns acabam tendo mais direitos que os outros.
Portando, na teoria da vontade geral, o povo é soberano em suas escolhas, é a vontade geral, a soberania do povo é indivisível, significa que essa soberania não pode ser relativizada.
Veja mais: Max Horkheimer e Meritocracia.
Organização da sociedade
Rousseau é famoso por defender uma democracia participativa, diferentemente de outros iluministas como Jonh Lock, Montesquieu, dentre outros.
Para ele a democracia direta e participativa funciona quando os indivíduos participam de convecções e escolhem a melhor forma de governo, mas, contudo, essa forma de democracia só funcionaria em cidades menores, já em cidades maiores é possível colocar uma espécie de governo aristocrático direcionado pelos magistrados.
E todas essas formas de governos citados acima deveriam necessariamente respeitar a soberania do povo.
Segundo as suas ideias, a população tem que tomar cuidado ao transformar seus direitos naturais em direitos civis, afinal:
“O homem nasce bom e a sociedade o corrompe.”
Émile
Na obra “Émile ou da educação”, teve como objetivo principal a reconstrução da humanidade através da educação, considerada na época uma obra de romance pedagógico.
Para Rousseau, a criança é a figura herói que indiretamente está abandonada no seu meio social, com a idade e o conhecimento ainda tornando-se presente, a mesma está sem nenhuma influencia da civilização, ou seja, o professor não transmite os ensinamentos de virtudes, mas trata de preservar a pureza contra os possíveis vícios da sociedade.
Com esse contexto, a obra de Rousseau é considerada uma espécie de utopia pedagógica, a qual retrata a criança buscando por curiosidade os instintos da vida sem perder a pureza pré destinada.
Outros artigos:
Principais obras
Por toda sua vida Rousseau caminhou por diversas vertentes da literatura e a música, e assim, pode garantir diversos prêmios ao longo da sua existência, vamos conferir algumas de suas obras mais importantes:
- “As musas Galantes” (1744)
- “Discurso sobre as ciências e as Artes” (1750)- Prêmio do concurso da Academia Dijon, a qual participou.
- “O camponês da Aldeia” e “ Narciso”, ambas de 1752- Óperas cômicas
- “Discurso sobre a Desigualdade” (1754)
- “Nova Heloisa” (1761)
- “O bom selvagem” (1761)
- “O contrato social” (1762)
- Émile ou da Educação (1762)
Principais citações
“Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco.”
“É, sobretudo na solidão que se sente a vantagem de viver com alguém que saiba pensar.”
“A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável.”
“A alma resiste muito mais facilmente às mais vivas dores do que à tristeza prolongada.”
“A arte de interrogar não é tão fácil como se pensa. É mais uma arte de mestres do que de discípulos; é preciso ter aprendido muitas coisas para saber perguntar o que não se sabe.”