Humanista, escritor, jurista, político e um grande filósofo individualista Francês, esse foi Michel de Montaigne, nasceu em 1533 e morreu no ano 1592 com 59 anos de idade. Umas das suas obras mais brilhantes “Ensaios”, de 1580, obra essa a qual trouxe o gênero ensaio pessoal, gênero esse de autoria própria.
Michel de Montaigne, além de ter sido um grande humanista, foi um grande filósofo Francês, a qual foi bastante influenciado ao humanismo renascentista, movimento esse que trouxe a concepção do homem como centro do mundo. Infelizmente não teve o mesmo reconhecimento que outros filósofos dentro da filosofia, mas seus pensamentos trouxeram grandes concepções da vida.
Breve Biografia de Michel de Montaigne
Michel nasceu no Castelo de Montaigne no sudoeste da frança no dia 28 de fevereiro de 1533, mas há alguns indícios que sua data de nascimento na verdade foi no dia 15 de setembro do mesmo ano.
Montaigne advinha de família rica, sua mãe era descendente de Judeus e desde muito criança teve um tutor para orientá-lo sobre as coisas do dia a dia e seus principais acontecimentos, consequentemente sua educação foi toda em casa, sua língua principal era o latim, língua essa que foi ensinada pelo seu tutor alemão,
Mas nem sempre Montaigne viveu ao lado da sua mãe, anos anteriores foi criado por ama de leite, e depois de dois anos, retornou a família.
No ano de 1549 foi para a faculdade de Toulouse a qual estudou direito e no ano de 1554 formou-se e posteriormente substituindo seu pai na vida de conselheiro da Corte e até mesmo chegou a fazer parte do parlamento, é nesse momento que o filósofo começa a se interessar pela escrita e pela história em geral, e assim, decide afastar-se da vida púbica.
Com o afastamento, Montaige dedicou-se a conhecer o mundo e suas histórias, assim, viajou por diversos países da Europa, foi a partir desse contexto, que o filósofo começou a escrever tudo que sentia e via durante as viagens, e logo após, divulgou e publicou diversos textos com a temática filosófica, embarcando de vez no gênero literário.
Montaige se preocupava muito com a condição existencial do ser, do homem, e por esse fato, foi um grande humanista, inspirou suas principais teorias no renascimento italiano, é nesse contexto que o filosofo foi contra a filosofia escolástica, filosofia essa que não enxergava o ser em sua essência.
Suas ideias foram baseadas nas seguintes correntes:
- Humanismo
- Ceticismo
- Estoismo
No ano de 1565 casou-se com Françoise de La Chassagne e veio a falecer no ano de 1592, com inflamação nas amígdalas.
Principais momentos da sua vida:
- 1563 presenciou a morte do seu melhor amigo filósofo e companheiro de pensamentos, La Boétie, é nesse período que se iniciaram grandes guerras civis e surtos de peste negra.
- 1568, ano da morte do seu pai, tornando-se herdeiro, a qual possibilitou uma vida mais tranqüila
- Em 1572 foi eleito prefeito de Bordeaux
- No mesmo ano em paris foi preso em uma missão secreta pela paz em uma bastilha, a qual ficou um dia preso.
Três etapas evolutivas do pensamento de Michel de Montaigne
Podemos observar a vida do filósofo em três momentos principais, momentos esses que contribuíram muito para suas concepções de vida.
Michel enxergava o homem como um ser evolutivo, e suas atitudes e pensamentos estão diretamente interligados com o espaço e o tempo, premissas essas que podem metamorfose – alo, é a partir dessa perspectiva, que podemos enxergar os principais pensamentos evolutivos do filósofo em três momentos importantes:
- A primeira fase chamamos de estoicismo, essa base tornou-se parte das suas concepções através da influência do seu grande amigo La Boetie, a base estoicista tem como caráter procurar a verdade absoluta, idéia essa que foi aceita pelo filósofo por um tempo, mas com o passar dos anos, percebeu que o espírito do ser está ligado com a dúvida, rompendo assim com o pensamento estóico e qualquer verdade absoluta.
- A segunda fase está diretamente ligada à ambientes a qual pode conhecer e vivenciar, principalmente na frança, lugar esse que presenciou conflitos sociais e intelectuais entre diferentes tipos de segmentos religiosos, como o cristianismo e o protestantismo, passagem essa que ficou marcada por violência e guerra. É nesse período que o filósofo começou a seguir a corrente do ceticismo, ou seja, as dúvidas sobre a existência real das coisas e foi através da corrente, que Michel concluiu que o homem não sabe nada de si mesmo, e por esse fato, como pode ter conhecimento do mundo religioso, principalmente sobre Deus e suas vontades? É a partir desse questionamento que o filósofo conheceu a principal arma para o fanatismo religioso.
- Já na terceira fase e última, é a fase mais madura do pensador, fase essa em que ele se interessa mais por si mesmo, é nesse contexto que ele escreve a obra “ensaios”, não se preocupando em pensar em outros filósofos, e sim, pensar suas próprias ideias e concepções de vida, na obra, ele afirma que o único conhecimento digno de valor é o nosso próprio saber, seu ceticismo apurado é uma critica aos costumes e dos saberes das instituições da época. É nesse contexto, que o filósofo torna-se importante para o pensamento moderno.
“ENSAIOS” de Michel de Montaigne
A obra mais importante de toda vida do filósofo, foi ensaios (1580), infelizmente foi a única obra escrita e deixada pelo pensador, a mesma reuniu três grandes volumes, como mesmo mencionado, o filósofo foi inventor do gênero a qual ele chamava de “ensaio pessoal”, a sua obra “ensaios” foi um grande marco para a criação desse gênero.
A segunda edição do livro foi publicada no ano de 1582, já a terceira no ano de 1588, a obra foi considerada um grande Best-seller e a mais marcante no teor renascentista.
Podemos pontuar alguns artigos que foram de grande relevância: Jornal da Viagem, sobre a amizade, dos canibais, dois livros, jornal da viagem.
Na sua obra Michel trouxe assuntos de extrema importância, como as suas reflexões pessoais e subjetivas sobre variadas temáticas, como amizade, amor, liberdade, guerra, dentre outros assuntos. Michel não quis trazer grandes nuances filosóficas em sua obra, e sim, falar sobre si, sobre os seus sentimentos e os temas que são importantes a ser falados, e como ele dizia, não era temas para serem discutidos cientificamente, e sim questionar e criticar sobra as coisas do mundo.
O mesmo afirmou: “Eu sou eu mesmo o tema do meu livro”, frase inspiradora não é?
Os ensaios é uma retratação do momento em que os homens pagãos perdiam suas orientações e forças atrás de uma cultura pautada na cultura de civilização romana, o cristianismo ainda não era considerado a principal religião da época, ou seja, não havia tanta influência.
A obra trás o homem desconfiado da sua própria liberdade de ser livre, e Michel em sua obra tenta trazer esse mesmo homem no centro do mundo e recolocá-lo, depois de um longo tempo calado, silenciado. É a partir do diálogo com outros indivíduos, que o mesmo conseguirá se adaptar a sociedade, sociedade construída em harmonia, possibilitando a paz entre os homens e o mundo.
Para o filósofo, o homem em posse da sua liberdade, é um homem livre de superstições e crenças, ou seja, espírito livre.
O mesmo trás o pensamento critico da sociedade do século XVI:
- Para ele toda idéia nova é perigosa, e todo homem deve ser respeitado, pensamento esse amplamente humanista.
- E por fim, toda criança no âmbito educacional deve ser respeitada diante da sua personalidade
Veremos a seguir como Montaigne entendia a educação.
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MONTAIGNE E A EDUCAÇÃO
Montaigne foi um dos grandes pensadores da educação em sua época, o filósofo entendia que o ensino andava de mãos dadas com o empirismo, ou seja, a experiência, experiências essas práticas, concretas.
A partir de experiências práticas criticou a memorização como forma de aprendizado e principalmente o uso de livros, para ele, as duas formas de educação usadas afastaria os alunos do conhecimento real.
Na cultura dos livros, ou como mesmo chamado, cultura livresca na época do renascimento, os estudantes não conseguiam captar nada que era relevante ao seu conhecimento, e para, além disso, não conseguiam apreender as informações de forma eficiente e rápida, e conseqüentemente não saberiam resolver assuntos importantes sobre as coisas do mundo, como o desenvolvimento do ser e a moral, dois saberes que estão articulados.
Por fim, o filósofo compreendia que a educação deveria orientar os seres humanos para a capacidade de investigar e principalmente exercitar um pensamento mais critico do ser. Como o mesmo cita:
“Cuidamos apenas de encher a memória, e deixamos vazios o entendimento e a consciência.”
Como mesmo mencionado, escreveu artigos importantes dentro da sua obra “ensaios”, principalmente sobre a educação, as quais devem merecido destaque: Do Pedantismo e Da educação das Crianças.
Não deixe de conferir: Blaise Pascal e Hedonismo.
Principais Frases
“O homem que teme o sofrimento já está sofrendo pelo que teme”
“O homem não é tão ferido pelo que acontece, e sim por sua opinião sobre o que acontece.”
“Pode-se ter saudades dos tempos bons, mas não se deve fugir ao presente.”
“Abandonar a vida por um sonho é estimá-la exatamente por quanto ela vale.”
“Proibir algo é despertar o desejo.”
“Fica estabelecida a possibilidade de sonhar coisas impossíveis e de caminhar livremente em direção aos sonhos.”
“A mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior numero de pessoas.”
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