Hegel (1770-1831)

Hegel (1770-1831), foi considerado um grande filósofo idealista dos séculos XVIII e XIX, além de um grande influenciador de vários filósofos que vieram posteriormente a ele, como podemos citar Marx (1818-1883), Ludwing Feuerbach (1804-1872), Friedrich Engels (1820-1895) e Bruno Bauer (1809-1882). O mesmo contribuiu para o surgimento de novos campos de estudos como história, lógica dialética, arte, direito, dentre outros.

Hegel pertenceu ao chamado “Idealismo alemão”, que foi uma escola filosófica que buscava o conhecimento não na realidade prática e sim em um plano ideal, visto como plano metafísico.

Hegel foi muito influenciado por Platão, o mesmo buscou na filosofia do mesmo a ideia da dialética, que como mesmo foi mencionado influenciou o famoso Karl Marx, que no começo da carreira conheceu o pensamento do filósofo, mas depois destoou do pensamento, pois passou a rejeitar o idealismo que para ele não modificava em nada a realidade prática.

Breve Biografia

Hegel (1770-1831)

Georg Wihelm Friedrich Hegel mais conhecido como Hegel nasceu no dia 27 de agosto de 1770 na cidade de Stuttgart-Alemanha, era filho de um funcionário público e o mais velho dentre os três irmãos.

A mãe dedicava o seu tempo a ensiná-lo algumas línguas importantes juntamente com os seus tutores como o latim, francês, inglês e principalmente o estudo de alguns clássicos gregos e romanos, no colégio era visto como uma criança inteligente e esperta, com apenas 13 anos de idade perdeu a sua amada mãe e ficou aos cuidados de sua irmã Cristiana, pois o seu pai era muito ocupado em assuntos de trabalho, posteriormente conclui com êxito os estudos básicos com 17 anos de idade.

No ano de 1788 após muitos incentivos de seu pai resolveu ingressar na famosa Universidade de Tubingen no seminário para assim futuramente virar pastor, nesse meio tempo conheceu grandes amigos de muita influência para a construção dos seus principais pensamentos como: Friedhich Holderlin (1775-1854) visto como um grande poeta da época, também conheceu o filosofo Friedrich Wilhelme Joseph Von Schelling (1775-1854).

Na sua fase adulta, mais ou menos com 18 anos de idade, o pensador pode presenciar diversos momentos considerados importantes na história, como a queda da bastilha e a revolução francesa, não deixando de mencionar a invasão da Prússia pelo exercito Francês.

No ano de 1793, começou a trabalhar como tutor em Berna-Suiça e posteriormente começou a se interessar pelos estudos de Jonann Fichte (1762-1814) e Immanuel Kant (1724-1804) por influência de seu grande amigo Hordelin.

Diante das leituras e a influência de grandes pensamentos, juntamente com Schellinh, Hegel resolveu escrever uma de suas principais obras “O mais antigo programa de um sistema de Idealismo Alemão”, nessa obra ambos enxergavam o estado como algo mecânico e que todas peças deveriam se encaixar perfeitamente, peças essas que são ligadas ao ser humano que para Hegel são peças fundamentais para a garantia do bom funcionamento social.

No ano de 1779, Hegel não estava tão interessado em permanecer no cargo de tutor privado e assim acaba deixando a tutoria e passou por um tempo apenas se sustentando através da herança deixada pelo pai.

Deixando a fase difícil, no ano de 1801 Hegel foi convidado a trabalhar na Universidade de Jena posto esse que permaneceu por pouco tempo até o ano de 1803 e posteriormente começou a trabalhar em um jornal de orientação católica “Bamberger Zeitung” na cidade de Nuremberg, nesse período conheceu a sua esposa com quem teve três filhos.

Hegel continua os seus estudos voltados a fenomenologia e durante sua vida pode publicar vários fascículos que são volumes de uma revista ou até mesmo artigos científicos como “Ciência da lógica” que teve grande volumes divididos entre os anos de 1812, 1813 e 1816.

No mesmo ano que publicou o ultimo volume foi convidado a lecionar como professor de filosofia na famosa universidade de Heidelberg.

No dia 14 de novembro veio a falecer em Berlim, vitima de cólera, doença essa que foi uma epidemia na época.

DIALÉTICA HEGELIANA

Hegel acreditava que nada era estático, ou seja, nada está parado no tempo da mesma maneira e da mesma forma, ele acreditava que existia um movimento dos seres, as coisas estão sempre se transformando, sempre se movendo.

Em linhas gerais, na dialética hegeliana ele acreditava que a transformação vem através da contradição de ideias, ou seja, o debate das mesmas.

Vejamos um exemplo:

A contradição é que irá transformar esse mundo que pode ser visto e construído a partir de duas premissas: A tese, que é uma definição e a partir disso a ideia, que irá se contrapor a essa tese conhecida como a “antítese” e entre a tese e a antítese uma não precisa destruir  a outra  e sim a partir dessa contradição construir a síntese.

Assim, Hegel fala que a síntese é a forma que transforma e faz com que a sociedade avance de alguma maneira e transforme o mundo, a sociedade é movida através do pensamento e com a dialética o embate de ideias.

Mas para que isso aconteça o ser humano precisa ser consciente do mundo que está em volta e a partir disso transformá-lo através das ideias, isso se dá a partir da consciência que entenderemos melhor a seguir em sua obra “fenomenologia do espírito”.

Fenomenologia do espirito

Nessa obra ele tenta mostrar para o ser humano como as coisas se transformam e avançam ao longo do tempo.

Hegel entendia o espírito não como um fantasma, mas sim o espírito da consciência, ou seja, todo o ser humano precisa ter a consciência concebida por ele como três formas principais de espírito ou como preferir de consciência:

  • Espírito em Si: O espírito em si é a percepção individual de que existimos, ou seja, é a primeira consciência do ser humano de existência a partir do nascimento.
  • Espírito em outros: É nessa fase que é construído a consciência que vivemos em sociedade, ou seja, a percepção que não estamos sozinhos, que existem outras pessoas ao redor e todos passaram pela fase primaria de consciência.
  • O ser para si ou espírito absoluto: É a consciência absoluta que permite viver com harmonia em sociedade através da razão, ou seja, nos tornamos pessoas conscientes capaz de realizar e construir a razão, e assim organizar os pensamentos através da filosofia que para ele é a principal formula para a busca da verdade.

Por esse fato Hegel é considerado um filósofo idealista, pois busca na transformação a forma através da razão, ou seja, da consciência.

Estado

Para Hegel os seres humanos nunca foram únicos e individuais, ou seja, nunca tiveram sozinhos no espaço e tempo, por esse fato os indivíduos sempre buscaram as transformações e nesse contexto perceberam o sentido da coletividade, assim, quando o homem consegue se organizar é formado a sociedade.

Quando se forma um estado na verdade o mesmo é formado da síntese e da coletividade, ou seja, a formação do estado dentro de uma sociedade e a forma de espírito absoluto atingido pelo ser humano.

Exemplo:

Existem diversas pessoas em uma determinada família e com isso consequentemente existem pessoas com concepções diferentes uma das outras, ninguém pensa igual, mas mesmo assim é constituída uma família, e a família é a síntese das contradições entre os membros da família.

Assim acontece dentro de uma sociedade, ou seja, todos pensam diferentes, mas as pessoas se identificam enquanto parte de um grupo, assim o estado é a síntese de todas essas contradições.

Por fim, Hegel vê no estado o espírito de harmonia e absoluto que foi se transformando em um conceito dialético de tese, antítese até chegar à síntese.

E não podemos deixar de mencionar a sua obra escrita juntamente com Max Schelling “O mais antigo programa de um sistema de idealismo alemão”, a qual vê o estado em sua formação estatal como uma espécie de mecanismo com peças chaves que devem ser encaixadas de maneira a qual tudo esteja no lugar e tudo passe a funcionar na sua forma perfeita.

Hegel x Marx

Como sabemos Marx sofreu grande influencia em vista dos pensamentos de Hegel, mas diferentemente do mesmo que analisava os movimentos através do mundo das ideias, Marx já pensava na luta de classes e com ela as relações de produção, dois princípios esses que consequentemente fazem com que a sociedade se movimente.

Marx era visto como um filósofo materialista, o mesmo se importava com a realidade humana vista no ponto material e com ela as principais formas de adquirir os meios necessários para a garantia da sobrevivência.

Em linhas gerais, Marx acreditava que a história se movia através dessas mesmas realidades que não tinham acesso aos meios de produção e nem como chegar a um nível mais elevado dentro da sociedade, fato esse que é visto até hoje nos dias atuais.

Assim, concluindo, Hegel em sua filosofia está embasada na dialética e com ela o plano das ideias, diferentemente de Marx, que busca o mundo real e nesse mundo a concepção da dialética.

Principais obras

  • Fenomenologia do Espírito (1807)
  • Propedêutica Filosófica (1812)
  • Ciência da Lógica (1812-1816)
  • Enciclopédia das ciências filosóficas (1817)
  • Princípios da filosofia do direito (1820)

Frases de Hegel

“Marquem bem isso, vocês, orgulhosos homens da ação! Vocês são, no final, nada mais que instrumentos inconscientes dos homens que pensam.”

“Os governos jamais aprenderam nada da história, ou agiram segundo os princípios deduzidos dela.”

“As tragédias verdadeiras no mundo não são conflitos entre o certo e o errado. São conflitos entre dois direitos.”

“Eu não sou feio, mas minha beleza é uma total criação.”

“O mais alto objetivo da arte é o que é comum à religião e à filosofia. Tal como estas, é um modo de expressão do divino, das necessidades e exigências mais elevadas do espírito.”

“A harmonia da infância é um dom da natureza; a segunda harmonia deve resultar do trabalho e do culto ao espírito.”