Ascenso Ferreira

Biografia de Ascenso Ferreira

Ascenso Ferreira (1895-1965) destacou-se como poeta brasileiro e renomado folclorista de Pernambuco. Ele é reconhecido como uma influência significativa no Modernismo brasileiro.

Nascido em Palmares, Pernambuco, em 9 de maio de 1895, Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira era filho de Antônio Carneiro Torres, um comerciante, e Maria Luísa Gonçalves Ferreira, uma educadora de ensino básico.

Aos 6 anos, perdeu seu pai. Frequentou escolas públicas, onde desenvolveu habilidades de leitura e escrita. Aos 13 anos, abandonou a escola para se juntar à loja de seu padrinho como ajudante. Durante esse período, redigiu seus sonetos iniciais.

Enquanto interagia com os clientes da loja, Ascenso absorveu contos populares sobre personagens como a mula sem cabeça e o lobisomem. Ele também começou a escrever poesias que realçavam temas locais, como lendas, festividades, e a cultura açucareira.

Carreira literária

A carreira literária de Ascenso Ferreira começou no jornal “A Notícia de Palmares” em 1911, quando publicou o soneto “Flor Fenecida”.

Em 1916, ao lado de outros poetas, ele estabeleceu a sociedade “Hora Literária”. Seu posicionamento abolicionista gerou controvérsias, resultando em atos de vandalismo em sua casa e hostilidades públicas, inclusive ameaças de detenção.

Após o falecimento de seu padrinho e o subsequente fechamento da loja, Ascenso mudou-se para Recife em 1919.

Aos 24 anos, ele conseguiu uma posição na Secretaria da Fazenda. Manteve uma rivalidade com o poeta Jaime Cruz. Socializando com estudantes da Faculdade de Direito do Recife, Ascenso teve a oportunidade de recitar sua poesia no Teatro Santa Isabel.

Em 1921, Ascenso casou-se com Maria Stela de Barros Griz. Durante os anos 20, colaborou com os jornais “Diário de Pernambuco” e “A Província”, formando amizades com figuras literárias como Joaquim Cardoso e Gouveia de Barros. Apesar das tendências tradicionalistas, ele não se associou ao movimento regionalista de Gilberto Freire.

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Ascenso e o Modernismo

Embora o Recife fosse palco de disputas entre modernistas e regionalistas, Ascenso Ferreira alinhou-se mais ao movimento modernista, influenciado por nomes como Mario de Andrade.

Ele compartilhava suas criações em revistas como Mauriceia e Revista de Antropofagia. Sua poesia refletia a mudança na indústria açucareira, marcada pelo declínio dos engenhos e o surgimento de usinas.

Primeiras publicações

Em 1926, Ascenso estava ativo em recitais e lançou “Lusco Fusco”, sua primeira peça modernista. Em 1927, publicou “Catimbó”, com a segunda edição sendo lançada em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

Ascenso também se apresentou em São Paulo e se conectou com artistas e intelectuais, como Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade. Em 1939, ele publicou “Cana Caiana”, com arte de Lula Cardoso Aires.

Na década de 1940, Ascenso se aposentou da Receita Federal de Pernambuco. Em 1956, firmou um contrato editorial, resultando em um álbum duplo intitulado “64 Poemas Escolhidos e 3 Historietas Populares”.

Reconhecido por sua estatura imponente e estilo boêmio, Ascenso possuía um jeito único de recitar. Em “Filosofia”, ele escreveu:

Hora de comer – comer!
Hora de dormir – dormir!
Hora de vadiar – vadiar!
Hora de trabalhar?
Pernas pro ar que ninguém é de ferro!

Ascenso Ferreira partiu em 5 de maio de 1965, em Recife. Em sua honra, uma estátua foi erguida na Rua do Apolo, gravada com um de seus mais belos versos:

Veja também: Monumento: O que é, significado

Sozinho, de noite,
nas ruas desertas
do velho Recife,
que atrás do arruado
deserto ficou,
criança, de novo,
eu sinto que sou.

Obras de Ascenso Ferreira

  • Catimbó, 1927
  • Cana Caiana, 1939
  • Xenhenhém, 1951
  • Poemas, 1951 (reunindo os três livros)
  • O Maracatu, 1986, póstuma
  • Presépios e pastoris, 1986, póstuma
  • Bumba Meu Boi, 1986, póstuma

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