Santo Agostinho

Bispo, escritor, teólogo, filósofo, esse foi Aurélio Agostinho mais conhecido como Santo Agostinho de Hipona uma das figuras mais influentes do mundo concebendo o seu pensamento filosófico medieval patrística e teológico no segmento cristão.

O mesmo concebeu “santo” em seu nome, pois foi considerado santo pela igreja católica e pelo segmento Anglicano, na doutrina protestante Agostinho também é usado como fonte de estudo.

Vamos conhecer um pouco mais de sua vida e trajetória de pensamento?

BREVE BIOGRAFIA

Agostinho de Hipona nasceu no dia 13 de novembro de 354 d.C na cidade de Tagaste, no norte da áfrica. Agostinho foi o primeiro filho de Patríco e Mônica, Patrício era um pagão e proprietário de grandes terras e veio se converter ao cristianismo quase perto de sua morte, diferentemente de sua esposa que sempre foi uma adepta assídua da religião, fé essa que a fez se empenhar diariamente a fazer com que seu filho se tornasse um seguidor da fé cristã, fato esse que veio acontecer muito tempo depois.

Durante sua infância e juventude Agostinho fazia pouco caso de se interessar pela doutrina cristã mesmo depois de tantos chamados e suplicas de sua mãe Mônica, com 11 anos de idade Agostinho foi enviado a Madauro, cidade essa vizinha de Tagaste, nessa cidade estudou literatura latina e entrou em contato com práticas e crenças pagãs romanas.

Já com 17 anos de idade foi para Cartago estudar retórica, fato esse que deixou a sua mãe bastante contrariada, pois nesse período começou a se envolver com a doutrina do maniqueísmo, maniqueísmo esse que apresentava uma visão de mundo a qual a realidade é dividida em dois princípios opostos o bem e o mal, noção totalmente oposta e condenada pelos cristãos.

Santo Agostinho sempre se apresentou como uma pessoa aberta ao conhecimento e a diferentes práticas religiosas, tanto que em outro período começou a conhecer a fundo também o Hedonismo, tornando-se um hedonista, a doutrina concebe consigo a noção que o “prazer” é o principio fundamental da existência humana.

Nessa visão hedonista, Santo Agostinho começou a seguir “maus caminhos” trazendo muita decepção a sua mãe Mônica, a mesma rezava todos os dias para que Agostinho se convertesse ao cristianismo, mas, mesmo jovem e desviado do caminho cristão, o filósofo adquiriu grandes conhecimentos na área da reitoria e da gramática como todo, até se tornar professor dessa matéria, com esse cenário, mudou-se de vez para Catargo para ensinar retórica aos alunos da região, teve alguns problemas com a disciplina de seus alunos, tanto que o mesmo mudou-se para a Roma.

Foi em Roma que Agostinho abriu sua própria escola de retórica e posteriormente se tornou professor na corte imperial em Milão, além de um cargo de suma importância, o jovem dispunha de uma grande sabedoria e conhecimento, sabedoria essa que o fez questionar alguns princípios do maniqueísmo e do hinduísmo, fase que o fez se distanciar das doutrinas.

Muito confuso com os diversos tipos de doutrinas que conheceu durante a vida e não sabendo qual era a certa a seguir, Santo Agostinho começou a se aproximar do ceticismo, porém, nesse período finalmente ele se converte ao cristianismo influenciado pelo bispo Ambrosio, conhecido como Santo Ambrosio e mestre da retórica na época.

Um pouco depois desses fatores de acontecimento, Agostinho retorna a sua cidade natal, mas sem a sua mãe que veio a falecer um pouco antes da viagem. A morte de Mônica deixou Santo Agostinho muito desolado, tanto em que sua obra “confissões” o mesmo descreve os momentos ricos de diálogos que tinha com a mesma, diálogos que foram de suma importância para a sua conversão.

Uma curiosidade é que Agostinho teve um filho fruto de um relacionamento secreto de anos anteriores e que veio a falecer na mesma época que sua mãe, Agostinho triste pela perda de seus entes queridos resolveu praticar uma ato de caridade e vendeu boa parte de seus pertences e bens para os mais necessitados, só não concebeu os outros bens, pois quis manter a casa da família e a transformou em uma sede da chamada “ordem agostiniana” por volta 387 a.C.

No ano de 391 foi ordenado padre em Hipona na Argélia e seis anos depois foi nomeado bispo, cargo esse que permaneceu por longos 34 anos.

Foi nessa fase que foi considerado uma importante figura da teologia e um grande filósofo da igreja.

A morte de Agostinho ocorreu em 430 aos 75 anos na cidade de Hipona cidade que permaneceu durante as ultimas décadas de vida nos deixando um grande legado.

Agostinho teve como principais influenciados o teólogo Tomás de Aquino (1225-1274) e Cornelius Otto Jansenius (1509-1638).

NEOPLATONISMO EM AGOSTINHO

Santo Agostinho também como outros filósofos teve grande influencia de Platão e a sua filosofia do Neoplatonismo, filosofia essa que fez com que santo Agostinho seguisse a corrente do idealismo platônico que diz:

“A verdadeira realidade está no mundo das ideias, mundo esse acessível e desvendável pela razão humana, mesma que essa esteja em escopo limitado.”

É muito dito que Santo Agostinho seguiu algumas concepções do filósofo Platão e fez da sua filosofia uma espécie do cristianismo.

Como sabemos Platão concebeu a ideia do mundo visto em dois panoramas, o mundo sensível (Mundo Material) e o Mundo Inteligível (Mundo das Ideias) e Agostinho também acreditava nessa ideia, mas para ele o mundo sensível é o reino dos homens e o mundo inteligível o reino dos céus a qual as almas boas padecem.

E surge o questionamento: Como atingir o reino dos céus? Para Platão quando atinge o mundo inteligível é através da razão, da busca do conhecimento, já Agostinho acredita que é através da conversão, da entrega a Deus através da oração, meditação e o afastamento dos pecados.

Principais lições de Santo Agostinho

Deus

Agostinho entende Deus como o grande criador e o principio de todo fim, para ele a criação do reino dos homens é uma ação de pura e exclusiva bondade de Deus, e essa bondade jamais deve ser questionada.

Segundo Agostinho, Deus é o criador do tempo e a vida humana dotada de inicio, meio e fim, o inicio seria a grande criação de Deus, o meio seria o reino dos homens a qual se vive, e o fim através da conversão o reio dos céus.

Contudo, Deus é o criador do tempo e espaço, ou seja, o divino criou o antes, o agora e o depois.

Mas surge a questão, o que tinha antes da criação de todo universo? Santo Agostinho dizia se Deus criou o antes, o agora e o depois, o tempo e o espaço não existem antes de Deus.

Outra ideia muito importante, é que Agostinho entendia que o amor vem de Deus, para ele o amor como sentimento é uma tentativa de um amor verdadeiro, para Agostinho não se consegue ter um amor verdadeiro no reino dos homens e apenas no reino dos céus que se encontra esse sentimento puro.

Alma e corpo

Agostinho defendia a visão que o ser humano é a união perfeita de duas substâncias metafisicamente distintas como o corpo e a alma, ele via o corpo como um objeto físico ocupante de um espaço e a alma como parte da razão e governante do corpo, mas que não possui dimensões espaciais.

Patrística

Agostinho fez parte de uma fase considerada muito importante na história a Patrística que também pode ser conhecida como “Pais/ Padres da Igreja, por esse fato, Santo Agostinho compartilhou com os religiosos da época muitos princípios teológicos em comum, feito esse que o fez reforçar o conceito de pecado original e desenvolveu a idéia que a igreja de cristo é a cidade espiritual de Deus, diferenciando-a da cidade material dos homens.

Santo Agostinho concebe essa concepção em sua obra “A cidade de Deus”.

Bem e o Mal

“A verdadeira liberdade não consiste na escolha entre o bem e o mal, e sim no poder voltar-se para o bem e renunciar o mal.” Nesse contexto surge o principal questionamento: De onde vem o mal sendo Deus bom? Como mesmo mencionado, o mal para santo Agostinho é a privação do bem.

Assim, Santo Agostinho concebeu a idéia da existência do mal e sua origem, o mesmo dizia que o mal em sua primeira existência estaria relacionada ao livre arbítrio, o mal para o filósofo é o distanciamento do bem e a ausência de Deus, onde Deus não estiver o mal acaba se proliferando.

O livre arbítrio seria a livre escolha concedida as criaturas, ou seja, a possibilidade de realizar qualquer ação, lembrando que nem todo livre arbítrio concede a liberdade, pois a mesma pode levar a caminhos de vícios, ou seja, existem atos do livre arbítrio que torna o ser humano escravo. Para santo Agostinho o homem não consegue por si só fazer o bem, pois há sempre uma inclinação para se fazer o mal devido ao pecado original. Portanto para praticar o bem o ser humano precisa do auxilio da graça.

A graça é vista como auxilio divino que não substitui o livre arbítrio, mas dá condições para o ser humano alcançar o bem e assim alcançar o bem divino, superior, Deus.

A liberdade para Santo Agostinho é agir de acordo com o bem conectado com a graça divina que age tanto no querer e no realizar do mesmo.

Fé e Razão

E por fim, ele concebe a relação entre fé e razão, na visão do mesmo a fé é o principal caminho para se chegar à verdade e assim a razão é uma espécie de recurso que daria uma base, ou seja, a sustentação a esta verdade.

Para santo Agostinho, só se descobre a verdade por meio da fé, mas a razão adentra para constatar as verdades descobertas pela fé.

Em linhas gerais, Agostinho vê a conciliação entre fé e a razão, mas a fé deve ser sempre superior e vista como prioridade.

 FELICIDADE.

“É feliz quem possui a Deus”, para Santo Agostinho a felicidade não está baseada em coisas materiais, pois as mesmas podem ser perdidas com o tempo, pois os bens estragam, as honras acabam e não dependem de você e o prazer escraviza e dura pouco, assim na visão de Agostinho só Deus permanece e concebe a felicidade, a verdadeira sabedoria é viver a virtude.

Obras de Santo Agostinho

No total são cerca de 113 obras deixadas por Agostinho, conhecimento esse que o fez ser considerado doutor da igreja, titulo extremamente raro que é só dado a indivíduos de grande conhecimento na teologia e doutrina católica, tanto que apenas 34 pessoas receberam o titulo.

A obra de Agostinho reúne assuntos de grande relevância como filosofia, educação, política, ética, estética, teologia, passagens sobre aspectos bíblicos, além de reunir obras de aspectos de sermões e algumas cartas.

  • A cidade de Deus-413-426
  • Confissões-397
  • Autobiografia, da trindade-400-42

CURIOSIDADE

Mesmo depois de quase 1700 anos de sua morte, milhares de cristãos influentes, teólogos, filósofos, escritores mais famosos se baseiam nas obras de Santo Agostinho.

Por conta de suas ideias foi considerado um dos reformadores do cristianismo no século V, não necessariamente com Lutero, pois o mesmo foi um monge agostiniano.

E por fim, Santo Agostinho é considerado o Santo protetor dos teólogos, impressores e cervejeiros.

Principais frases e citações de Santo Agostinho

“A medida do amor é amar sem medida.”

“Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência.”

“Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.”

“Prefiro os que me criticam, porque me corrigem aos que me elogiam, porque me corrompem.”

“Ninguém faz bem o que faz contra a vontade, mesmo que seja bom o que faz.”

“O dom da fala foi concedido aos homens não para que eles enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem seus pensamentos uns aos outros.”

“As pessoas viajam para admirar a altura das montanhas, as imensas ondas dos mares, o longo percurso dos rios, o vasto domínio do oceano, o movimento circular das estrelas, e, no entanto elas passam por si mesmas sem se admirarem.”

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