“A Livraria” (“The Bookshop”) é um filme de 2017 baseado no livro homônimo da romancista inglesa Penelope Fitzgerald (1916-2000) e conta a história de Florence Green, uma mulher que, no fim da década de 1950, desafia os cidadãos de Hardborough para abrir uma livraria, transformando seu sonho em realidade.
No que se segue, “A Livraria“, da diretora espanhola Isabel Coixet (“A Vida Secreta das Palavras”), transforma o telespectador em testemunha de sua própria peregrinação pelo romance de Fitzgerald, de 1978. A ação se passa na pequena cidade costeira britânica de Hardborough em 1959, onde Florence (Emily Mortimer) compra um antigo casarão para abrir uma livraria. Florence está viúva há 16 anos.
Desde então, os livros têm sido um meio indispensável de sobrevivência para Florence, e ela acredita firmemente que os residentes da tranquila vila de pescadores logo compartilharão de seu entusiasmo. No entanto, o pescador do cais não está muito convencido de seu plano de negócios. Há apenas uma pessoa na aldeia que lê livros: o estranho Sr. Brundish (Bill Nighy), que vive isolado, mas cercado por livros, em uma mansão nos arredores da aldeia. A mecenas local Violet Gamart (Patricia Clarkson), por outro lado, está determinada a dificultar a vida dela. Ela tinha seus próprios planos para o casarão, onde queria abrir um centro de artes para aumentar ainda mais seu prestígio. Com considerável imaginação intrigante, Violet tenta forçar Florence a desistir do negócio.
Penelope Fitzgerald desenhou seu romance como um confronto entre o conservadorismo britânico empoeirado e a liberalidade incipiente do final dos anos 1950. Por trás da fachada de conversa sólida, ela expõe a malevolência do estabelecimento provinciano. Coixet permanece fiel a essa ideia básica, desenvolvendo a livraria em um bastião do espírito livre, que a heroína defende bravamente e em vão.
Trata-se de um filme que invoca a coragem de seu protagonista repetidamente com intensidade intrusiva e também deve reunir um pouco mais de coragem. Coixet a perspectiva de uma imagem de um inimigo muito confortável e encena a história de sofrimento mesmo no formato de filme histórico mais sóbrio. Talvez, Emily Mortimer transpareça melancolia para a paisagem como nenhum outro, mas um filme que apresenta Bill Nighy nunca é um filme perdido. Mas, infelizmente, os dois só se encontram em duas cenas em que ronronam um para o outro com uma subavaliação emocional bem elaborada, que apenas temporariamente o liberta do tédio vagaroso.
O filme está disponível no catálogo da Netflix. Confira o trailer:
Escrito por: João Paulo Oliveira da Silva
Estudante de bacharel em Letras pela Faculdade Estácio, futuro revisor profissional, ávido leitor, amante da língua portuguesa e apaixonado música e cinema.
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