Proálcool

O Proálcool é o nome dado ao Projeto Nacional de São Paulo chamado de programa Nacional do Álcool, esse programa foi criado pelo governo federal na década de 70 para fazer frente as consequências da crise do petróleo.

A crise do petróleo foi o momento a qual houve o processo de aumento do preço do barril em razão de dois cenários principais: Guerras no oriente médio entre Israel, síria e Egito, com o apoio dos Estados Unidos a Israel, e a criação da OPEP (Organização dos países produtores e exportadores de petróleo) essa organização concentrou as vendas do petróleo principalmente aos norte-americanos, devido a isso, houve o surgimento de uma grande inflação,  visto que, esses dois eventos, levaram a consequências drásticas no aumento substancial do petróleo em pouco tempo.

Os dados do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas) apontou uma inflação de quase 400% no preço do barril, ou seja, se um uma barril estava custando por volta de US$ 2,90 cada no ano de 1973 no mês de outubro, em janeiro de 1974, absurdamente passou a custar US$11,65.

O petróleo mais caro resultou em uma enorme crise econômica internacional e no território brasileiro, visto como um dos fatores responsáveis pelo fim do “Milagre econômico” que o Brasil havia conquistado gradualmente desde da década de 60.

Com esse cenário houve-se a necessidade de criar um programa que estimulasse a produção do próprio álcool, assim, em 14 de Novembro de 1975 foi criado o “Programa Nacional do Álcool ou Proálcool” através do decreto nº 76.596.

PRINCIPAIS OBJETIVOS:

Com a grande crise que se instalava na economia, o programa foi criado principalmente para atender as reais necessidades do mercado interno e externo na produção de álcool para automotivos, lembrando que, o foco era principalmente na produção em larga escala em território nacional, ou seja, o objetivo principal era reduzir gradualmente a dependência externa dos compostos do petróleo.

Toda a idealização do programa até a fase real da criação ficou por conta de José Walter Bautista Vidal (1934-) conhecido como um grande físico e também engenheiro, e não podemos deixar de mencionar Urbano Ernesto Stumpf (1916-1998), que também foi um grande engenheiro.

Como mesmo vimos, antes da criação do projeto, houve uma grande alta nos preços dos barris, e nesse contexto assustador, o governo brasileiro começou a pensar em alternativas para sair dessa situação, e a partir da criação do projeto formas foram pensadas para aguçar ainda mais a produção de álcool como principal meio a gasolina.

Nesse sentido, o programa Proálcool foi constituído em cinco fases principais, a primeira fase perdurou entre os anos de 1975 a 1979, e nos dias atuais, o Brasil está exatamente na quinta fase, que teve como ano de iniciação, 2003.

Confira no próximo subtítulo as principais características de cada fase e o que foi feito em cada uma delas:

AS 5 FASES DO PROÁLCOOL. 

A primeira fase do Proálcool: Essa primeira fase ficou conhecida pelo estimulo da produção de cana-de-açúcar, e não só isso, devido ao grande incentivo da produção do álcool, destilarias foram criadas e a criação de automóveis em montadoras. A fase inicial promoveu uma boa perspectiva, tanto que a produção dobrou de 600 milhões de litro ao ano, para 3,4 bilhões de litros ao ano por volta de 1975 a 1976, segundo dados fornecidos pelo Biênio. Por fim, as montadoras começaram a soltar os primeiros veículos movidos a álcool, momento esse que ficou marcado no ano de 1978.

 Segunda fase: Já a segunda fase foi o período de afirmação do projeto Proálcool, que perdurou entre os anos de 1980 a 1986, ou seja, seis anos. Mas infelizmente esse período não foi tão bom quanto o primeiro, pois houve novamente o aumento da inflação no mercado de óleo, conhecido como “Segundo choque do Petróleo”. Nesse cenário, desenvolveu-se novamente reflexões para melhorar a crise que se instalava nas ofertas de combustíveis, e surgiu a ideia de criar órgãos administrativos como: O Conselho Nacional do Álcool e a Comissão executiva Nacional do Álcool, em vista do Proálcool, visando principalmente pesquisas e apoios para o melhoramento do petróleo.  Um ponto positivo, é que as automotivas desenfrearam na produção de automóveis movidos a álcool, confira os dados estatísticos:

 Ano de 1979 Nesse período, apenas 0,46% dos veículos eram movidos a álcool.Ano de 1980 Já em 1980 esse valor subiu, passando para 26,8%.Ano de 1986 Já no ano de 1986, o crescimento foi gigantesco, por volta de 76,1% dos automóveis movidos a biocombustível.

Terceira Fase: Já a terceira fase ocorreu entre os anos de 1986 a 1995, em vista dos números anteriores, houve estagnações. O preço do barril abaixou de forma incrível, de US$ 40 passou a custar US$ 10, esse cenário começou a constituir alguns problemas, tanto que houve uma redução significativa na produção de combustíveis alternativos, uma vez que a oferta era muito pequena diante da tamanha demanda de automóveis movidos a álcool, ultrapassando mais de 95% de vendas desses no ano de 1995, visto que não havia combustível o suficiente para suprir as reais necessidades.

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Por mais que a venda desses automóveis estavam em alta, a queda do preço do petróleo abaixou de modo significativo. Assim, com a diminuição do álcool e consequentemente da produção da cana de açúcar, o combustível fóssil começou a dar as caras.

Inevitavelmente a produção de automóveis decaiu, e as montadoras tiveram que se adaptar ao novo cenário econômico, que devido todo contexto, permitiram a importação de carro movidos a diesel e gasolina ao mercado internacional.

Quarta fase: Período de readaptação do Proálcool centrada principalmente na produção e exportação de cana de açúcar e a sua transformação em álcool, segundo alguns dados, cerca de 10 milhões de toneladas de açúcar foram exportadas, visto que na década de 90, somava “apenas” 1 milhão de toneladas exportadas para fora do Brasil.

Diferentemente dos outros períodos, as montadoras que estavam em um processo demasiado de produção de automóveis a álcool, reduziram a 1% essa produção, isso foi feito para evitar outra onda de crise no mercado econômico.

E no ano de 1998, foi constituída uma medida provisória nª 1662 pelo governo federal: “Adição de álcool à gasolina de 22% para 24%.” Essa fase perdurou os anos de 1995 a 2000.

  • Quinta Fase:  A quinta e a atual fase do Proálcool teve início nos anos 2000, o mercado automotivo começou a se diferenciar no mercado de produção, os motores começaram a se tornar mais resistentes e adaptados a receberem outros tipos de combustíveis, sejam eles fosseis ou o próprio biocombustíveis, nesse sentido, surgem os veículos flex., capacitado a funcionar com mais de um tipo de combustível.

Segundo alguns dados trazidos pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos) estima-se que cerca de 49,5% da frota desses veículos são vendidos anualmente.

TOME NOTA!

  • O governo federal para viabilizar esse projeto, criou o conjunto de mecanismos de incentivo, como por exemplo: Redução de impostos, ou seja, carro movido a álcool pagava um IPVA mais barato e consequentemente um imposto mais barato de fabricação;
  • O governo federal também estimulou o desmatamento, financiou tanto a produção de canaviais como também a construção de usinas;
  • Vale lembrar que a cana não é o único produto que constitui o etanol, mas é um componente economicamente mais viável usado na fabricação do etanol.
  • Nos estados unidos se fabrica muito etanol, mas o componente está presente no milho, e economicamente falando é bem mais caro;
  • O auge do programa ocorreu na passagem da década de 70 ao longo dos anos 80, quando mais de 90% dos veículos de passeios do brasil eram movidos a etanol (biocombustível);
  • Entretanto, no final dos anos 80 e início dos anos 90, o Proálcool entrou em uma severa crise, em fatores como a produção abaixo da demanda, ou seja, a demanda por etanol era muito maior, em vista da capacidade das usinas de produzir, resultado da falta de planejamento do governo em criar estruturas de produção para atender a demanda interna;
  • Outro fator que levou a crise do etanol foi o barateamento da gasolina, então os proprietários dos automóveis questionaram: por qual motivo vou ter um carro movido a etanol, correndo o risco de desabastecimento, se eu posso ter um carro a gasolina? Nessa época, a produção do carro a gasolina aumentou, e a demanda por carro a álcool despencou;
  • Nos anos 2000 o programa foi reinventado e restruturado, houve o desenvolvimento do carro biocombustível e os estímulos governamentais a produção.