A filosofia existencialista surgiu no século XIX tendo como principais precursores de criação Kierkegaard e Nietzche, mas foi apenas no século XX que a filosofia ganhou a devida atenção como corrente filosófica com o francês Jean-Paul Sartre tendo como principal principio a liberdade e a existência do ser.
Os filósofos existencialistas em sua grande maioria possuem teorias distintas, mas o que os aproximam na linha de pensamento é a grande importância de o estudo ser focado nos seres humanos enquanto seres individuais possuidores de emoções e sentimentos na vida cotidiana.
Em linhas gerais, o existencialismo enquanto pensamento centra na concepção do “Absurdo” (ausência de um propósito racional), ou seja, não há sentido a ser encontrado no mundo a não ser o significado em que nós damos para a nossa própria vida, nós enquanto seres humanos somos possuidores de decisões através da total liberdade de escolha.
AFINAL, O QUE É EXISTENCIALISMO?
O existencialismo pode ser entendido como o estudo do ser perante a sua existência com grande influência da fenomenologia que está embasada no entendimento da mente e o mundo, o existencialismo pode ser compreendido em duas vertentes principais:
- Existencialismo ateu: O existencialismo ateu nega a existência de Deus e alguns casos a natureza humana.
- Existencialismo cristão: Tanto a existência e essência humana estão relacionadas com o ser divino, ou seja, Deus.
Para os existencialistas o ser possui liberdade natural de praticar qualquer ação, claro, lidando posteriormente com as mesmas, ou seja, o ser humano possui total responsabilidade sobre elas.
Os pensadores acreditam que o ser humano enquanto parte de uma sociedade busca por toda a vida o significado para a sua própria existência, existência essa que pode seguir um caminho de escolhas que consequentemente determinam os seus planos, ou seja, toda escolha pode ou não atribuir algumas ou várias perdas.
Em linhas gerais para os existencialistas, a liberdade é o fator central da vida humana, o ser enquanto ser vivente é responsável pelas próprias escolhas e pelo próprio fracasso, ou seja, ninguém é responsável pelas ações de terceiros, a mesma é individual.
Portanto, a filosofia existencialista é uma filosofia de pensamento voltada para a existência humana e o mundo prático.
OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS EXISTENCIALISTAS
Na filosofia existencialista houve diversos pensadores que pensaram acerca do ser, e agora vamos citar alguns de grande importância para a construção do pensamento existencial:
Soren Kierkegaard (1813-1855)
Soren foi considerado o Pai do existencialismo, no século XIX foi visto como um importante dinamarquês e também um grande filósofo cristão, nessa linha, Soren concebia o objeto de estudo como parte do concreto e não do abstrato.
Portanto, para o pensador, o próprio ser concebe o sentido da vida, ou seja, não é uma ideia abstrata que constrói os principais princípios da existência, é o próprio ser enquanto social e existente que constitui a própria vida através da liberdade.
Para ele, é possível suprir os vazios da vida através da fé em Deus. O mesmo citou:
“Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.”
Friedrich Nietzsche (1844-1900)
Diferentemente de Soren, Friedrich questiona a existência de Deus, e nesse caminho, concebeu diversas criticas ao excesso do uso da razão, para o filósofo a razão levou a construção de um mundo caótico a qual nós vivemos.
Para o pensador, a existência divina é obra de criação humana, pois somos protagonistas de nossas próprias vidas e consequentemente somos protagonistas de toda criação que pode ser real ou não.
Jean- Paul Sartre (1905-1980)
O pensador propagou o pensamento filosófico existencialista, o mesmo definiu que “A existência precede a essência”, ou seja, o próprio ser humano define a sua essência e vida, não é Deus, ou nenhuma forma pré concebida.
Nesse caminho o ser humano é responsável pelos seus próprios atos, ou seja, determinadas escolhas consequentemente podem ocasionar angustias e até mesmo afetar o mundo a sua volta de forma irreversível.
Portanto, para o filósofo os intelectuais devem necessariamente desempenhar um papel ativo na sociedade, de forma que contribuía para o uso de nossa consciência e escolhas de maneira adequada.
Suas principais ideias podem ser encontradas em sua obra “O existencialismo é um humanismo.” Ele concebe a ideia de existencialismo como uma forma humanista que seria a maneira de enxergar toda dinâmica natural humana no mundo contemporâneo.
Para Sartre o homem está condenado a sua liberdade, podendo usá-la de modo a proporcionar coisas boas ou ruins. A partir do momento que o homem se vê abandonado no mundo, levando em consideração o fato que Sartre não acreditava em Deus, então é necessário buscar algum conforto na fé, pois a realidade real é angustiante e ao mesmo tempo dura e sofrida, fazendo o ser humano ser responsável por si mesmo e completamente livre constituindo a sua existência em cada escolha.
“Viver é isto: ficar se equilibrando, o tempo todo, entre escolhas e conseqüências.” (Jean-Paul Sartre)
PARA SABER MAIS…
Fora esses grandes pensadores citados acima não podemos deixar de mencionar outros três de grande relevância para a construção da teoria, como Martin Heidegger (1889-1976) que sofreu grande influência das obras de Kierkegaard e concebeu a ideia que o ser pode experimentar dois tipos de existências principais: a autentica ou inautêntica.
Diante desses dois princípios o que determinara o caminho que o ser seguira são as escolhas realizadas durante a vida e as suas principais percepções acerca da morte.
Além de Martin, é impossível passar pelo existencialismo e deixar de falar de Simone de Beauvoir (1908-1986), que contribuiu muito com o pensamento principalmente acerca de discussões voltadas para o feminismo e a luta das mulheres.
E por fim, Albert Camus (1913-1960) interou-se muito acerca de discussões voltadas a existência e a essência do ser, não deixando de mencionar que fez parte do pensamento “absurdismo” o absurdismo pode ser visto como principal ramificação do existencialismo, o mesmo trouxe grandes discussões em sua obra” Mito de Sísifo” publicado em 1941, nessa obra ele concebe vários aspectos que podem ser vistos como absurdos na vida cotidiana, o mesmo cita:
“Como deve viver o homem absurdo? Claramente, não se aplicam regras éticas, como todas elas são baseadas em poderes sobre justificação. “Integridade não tem necessidade de regras”. “Tudo é permitido” não é uma explosão de alívio ou de alegria, mas sim, um amargo reconhecimento de um fato.”
O pensador foi uma figura tão importante que ganhou o Nobel de literatura no ano de 1957.