Biografia de bell hooks
bell hooks, uma influente pensadora, professora, escritora e ativista afro-americana, desempenhou um papel crucial nos movimentos antirracista e feminista.
Ela veio ao mundo como Gloria Jean Watkins, em 25 de setembro de 1952, na cidade de Hopkinsville, no sul dos Estados Unidos.
Durante sua ilustre carreira acadêmica, bell hooks escreveu e publicou mais de 30 obras, nas quais compartilha sua perspectiva empática e de resistência.
Ela abordava em suas obras questões como a luta contra o racismo, a relevância do amor, a desigualdade social e de gênero, e a crítica ao sistema capitalista.
Por que bell hooks se assina com letra minúscula?
A escolha de bell hooks de escrever seu nome com letras minúsculas é intrigante.
Este estilo de assinatura foi uma estratégia dela para enfatizar o valor de suas ideias e legado, em vez de sua própria imagem, promovendo assim um enfoque na coletividade.
Ela homenageou sua avó, Bell Blair Hooks, mãe de sua mãe, ao escolher este nome.
Veja ainda:
Vida de bell hooks
Nascida em uma família modesta com cinco irmãs e um irmão, bell teve uma mãe empregada doméstica e um pai zelador.
Ela frequentou escolas públicas durante uma época em que a educação ainda sofria de segregação racial.
Concluiu sua graduação em Letras na Universidade de Stanford em 1973, seguido por um mestrado na Universidade de Wisconsin-Madison três anos depois. Em 1981, ela obteve seu doutorado na Universidade da Califórnia, focando no estudo da escritora Toni Morisson.
Sua jornada no campo educacional começou em 1976, quando começou a ensinar estudos étnicos na Universidade do Sul da Califórnia, continuando em diversas instituições dos EUA, onde lecionou estudos afro-americanos e sobre as mulheres.
Importância de bell hooks
bell hooks teve uma carreira literária rica e reconhecida, escrevendo poemas, teoria e literatura infantil, contribuindo imensamente para o desenvolvimento do pensamento crítico, não apenas em seu país.
Seu primeiro livro significativo foi “Ain’t I a Woman: Black Women and Feminism”, conhecido como “Não serei eu mulher? As mulheres negras e o feminismo”. Nessa obra, ela advoga por um feminismo mais inclusivo, iluminando questões de raça e gênero.
Ela também se identificava com as ideias do pensador brasileiro Paulo Freire, especialmente em “Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade”.
Veja também: O que é: Aprendizagem significativa
Morte de bell hooks
bell hooks nos deixou aos 69 anos, em 15 de dezembro de 2021, em Kentucky, EUA, após uma longa doença.
Sua família expressou através das redes sociais: “A família está honrada com os inúmeros prêmios, honras e fama internacional que Gloria recebeu por seu trabalho como poeta, autora, feminista, professora, crítica cultural e ativista social. Temos orgulho em chamá-la de irmã, amiga, confidente e influenciadora”.
Livros importantes de bell hooks traduzidos
- “Tudo sobre o amor” (2021). São Paulo: Editora Elefante.
- “Teoria Feminista – Da Margem ao Centro” (2020). Lisboa: Orfeu Negro.
- “Ensinando pensamento crítico: sabedoria prática” (2020). São Paulo: Editora Elefante.
- “Anseio: raça, gênero e políticas culturais” (2019). São Paulo: Editora Elefante.
- “Olhares Negros: raça e representação” (2019). São Paulo: Editora Elefante.
- “Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra” (2019). São Paulo: Editora Elefante.
- “Não serei eu mulher? – As mulheres negras e o feminismo” (2018). Lisboa: Orfeu Negro.
- “Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade” (2013). São Paulo: Martins Fontes.
Confira outras postagens:
Pensamentos e frases de bell hooks
“Normalmente os machos adultos que são incapazes de fazer conexões emocionais com as mulheres que escolhem para ter intimidade estão congelados no tempo, incapazes de deixarem-se amar por medo de que o objeto de seu amor vá abandoná-los. Se a primeira mulher que amavam apaixonadamente, a mãe, não foi fiel ao seu vínculo de amor, então como podem confiar que sua parceira o amará verdadeiramente? Muitas vezes, em seus relacionamentos adultos estes homens agem de novo e novamente para testar o amor de sua parceira. Enquanto o adolescente rejeitado imagina que ele já não pode receber o amor de sua mãe, porque ele não é digno, como um homem adulto ele pode agir de maneiras que são indignas e ainda demanda da mulher em sua vida que ela lhe ofereça amor incondicional. Este teste não cura a ferida do passado, limita-se a reencenar e, em última análise, a mulher vai se tornar cansada de ser testada e terminar o relacionamento, reencenando assim o abandono. Este drama confirma para muitos homens que não podem depositar a sua confiança no amor. Eles decidem que é melhor colocar a sua fé em ser poderoso, em ser dominante. “
Desde do início do meu envolvimento com o movimento de mulheres fiquei incomodada pela insistência das mulheres brancas liberacionistas que a raça e o sexo eram duas questões separadas. A minha experiência de vida mostrou-me que as duas questões são inseparáveis, que no momento do meu nascimento, dois fatores determinaram o meu destino, ter nascido negra e ter nascido mulher.
No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover contra a dominação, contra a opressão. No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover em direção à liberdade, a agir de formas que libertam a nós e aos outros.
Cresci sabendo que queria ser escritora. Desde os tempos de menina, livros têm me oferecido visões de novos mundos diferentes daquele com o qual eu tinha mais familiaridade. Como terras exóticas e estranhas, livros me proporcionaram aventura, novas formas de pensar e de ser. Sobretudo, apresentaram uma diferente perspectiva, que quase sempre me forçava a sair da zona de conforto. Eu ficava admirada por livros poderem oferecer pontos de vista diferentes, por palavras em uma página poderem me transformar e me mudar, alterar minha mente.
Assim como me rebelei contra as noções sexistas do lugar da mulher, desafiei as noções de lugar e identidade da mulher dentro dos círculos do movimento de libertação da mulher; não consegui encontrar meu lugar dentro do movimento. Minha experiência como jovem negra não era reconhecida. Minha voz, assim como a de mulheres como eu, não era ouvida. Sobretudo, o movimento mostrou como eu me conhecia pouco e também como conhecia pouco meu espaço na sociedade.
Enquanto não consegui fazer minha voz ser ouvida, não consegui pertencer verdadeiramente ao movimento. Antes de exigir que os outros me ouvissem, precisei ouvir a mim mesma, para descobrir minha identidade.
Mamãe se casou jovem, quando ainda era adolescente, teve bebês nova e, apesar de nunca dizer que era ativista do movimento de libertação da mulher, vivenciou a dor da dominação sexista, e isso fez com que ela incentivasse todas as filhas, nós seis, a nos autoeducarmos, para que fôssemos capazes de cuidar das próprias necessidades materiais e econômicas e jamais sermos dependentes de qualquer homem. Era óbvio que deveríamos encontrar um homem e casar, mas não antes de aprender a tomar conta de nós mesmas. Mamãe, ela mesma refém das amarras do patriarcado, incentivou-nos a nos libertar.
Em um determinado momento da história dos Estados Unidos, quando mulheres negras em todas as regiões do país poderiam ter se juntado para exigir equidade social para as mulheres e reconhecimento do impacto do sexismo em nosso status social, estávamos, em geral, em silêncio. Nosso silêncio não era mera reação contra as brancas liberacionistas nem gesto de solidariedade aos patriarcas negros. Era o silêncio do oprimido: aquele profundo silêncio engendrado de resignação e aceitação perante seu destino.
Tínhamos medo de reconhecer que sexismo podia ser tão opressivo quanto racismo. Apegamo-nos à esperança de que a libertação da opressão racial era o bastante para sermos livres. Éramos uma nova geração de mulheres negras que tinham sido ensinadas a se submeter, a aceitar a inferioridade sexual e a permanecer em silêncio.
Ao apoiar o sufrágio de homens negros e ao condenar as defensoras brancas dos direitos das mulheres, homens brancos revelaram a profundidade de seu sexismo – um sexismo que era, naquele breve momento da história dos Estados Unidos, maior do que o racismo deles.
Curiosidades sobre bell hooks
- Origem do Nome “bell hooks”: Gloria Watkins adotou o nome “bell hooks” em homenagem à sua bisavó materna. Ela escolheu não capitalizar as letras do nome para destacar a importância de suas ideias e escritos, em vez de sua própria identidade.
- Produtividade Literária: Ao longo de sua carreira, bell hooks publicou mais de 30 livros, começando com “Ain’t I a Woman? Black Women and Feminism”, que ela começou a escrever aos 19 anos. Seu vasto trabalho abrangeu uma ampla gama de tópicos e incluiu livros infantis.
- Processo de Escrita Único: hooks tinha uma preferência por escrever seus livros à mão. Ela acreditava que esse método a ajudava a pensar de forma diferente, permitindo-lhe trabalhar as ideias em sua cabeça antes de colocá-las no papel.
- Influência do Budismo e Cristianismo: Identificando-se como uma cristã budista, bell hooks encontrou inspiração criativa no budismo, particularmente por meio dos poetas da Geração Beat como Gary Snyder e Jack Kerouac. Ela via a escrita como uma forma de prática espiritual, em linha com os princípios budistas de prática e atenção.
- Influenciada por Paulo Freire: hooks foi profundamente influenciada pelo filósofo brasileiro Paulo Freire. Seu conceito de consciência crítica teve um impacto significativo em suas ideias sobre alfabetização e consciência, que ela considerava fundamentais para o futuro do movimento feminista.
- Educação e Infância: Nascida em uma família humilde com cinco irmãs e um irmão, hooks experimentou a segregação racial durante sua educação em escolas públicas. Ela se destacou academicamente, concluindo sua graduação na Universidade de Stanford, mestrado na Universidade de Wisconsin-Madison e doutorado na Universidade da Califórnia, onde pesquisou a escritora Toni Morrison.
- Primeiro Livro de Impacto e Enfoque no Feminismo Inclusivo: Seu primeiro livro significativo, “Ain’t I a Woman: Black Women and Feminism” (“Não serei eu mulher? As mulheres negras e o feminismo”), defendia um movimento feminista mais inclusivo, focando nas interseções de raça e gênero.
- Falecimento: bell hooks faleceu em 15 de dezembro de 2021, aos 69 anos, em Kentucky, EUA, após uma longa doença. Sua morte representou uma grande perda para os campos da literatura, feminismo e estudos afro-americanos.
Vídeos
Outras biografias:
(RESUMO) Biografia de bell hooks
bell hooks (1952-2021) foi uma proeminente pensadora, professora, escritora e ativista afro-americana, com um papel fundamental nos movimentos antirracista e feminista. Nascida como Gloria Jean Watkins em Hopkinsville, sul dos EUA, ela teve uma vida dedicada à educação e à escrita, com mais de 30 obras publicadas.
Sua assinatura em letras minúsculas, um tributo à sua avó Bell Blair Hooks, reflete seu desejo de focar no conteúdo de seu trabalho ao invés de sua persona. Criada em uma família humilde, bell hooks alcançou grandes feitos acadêmicos, obtendo graduação na Universidade de Stanford, mestrado na Universidade de Wisconsin-Madison e doutorado na Universidade da Califórnia, com uma pesquisa sobre Toni Morrison.
Ela começou a ensinar na Universidade do Sul da Califórnia em 1976 e continuou em várias outras instituições, dedicando-se a estudos afro-americanos e sobre mulheres. Sua obra “Ain’t I a Woman: Black Women and Feminism” é destacada por seu apelo a um feminismo mais inclusivo, abordando raça e gênero. Ela também foi influenciada por Paulo Freire, especialmente em sua obra “Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade”.
bell hooks faleceu aos 69 anos, em 15 de dezembro de 2021, em Kentucky, EUA. Ela deixou um legado impactante como poeta, autora, feminista, professora, crítica cultural e ativista social.
Seus livros traduzidos incluem títulos importantes como “Tudo sobre o amor”, “Teoria Feminista – Da Margem ao Centro” e “Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade”.