Angela Davis

Biografia de Angela Davis

Angela Davis: Uma História de Resiliência e Ativismo

Angela Davis é uma renomada ativista, militante e educadora afro-americana que traz uma rica trajetória de resistência contra a opressão, especialmente combatendo o racismo e o patriarcado.

Participação no Coletivo dos Panteras Negras

No final dos anos 60, Angela se tornou uma figura proeminente no coletivo dos Panteras Negras, desempenhando um papel vital na busca pela igualdade, tornando-se um ícone inspirador para a comunidade negra, em particular para as mulheres.

Através de sua jornada, ela demonstrou a possibilidade de unir o pensamento acadêmico à luta coletiva.

A Infância e a Formação de Angela Davis

Angela Yvonne Davis nasceu em 26 de janeiro de 1944, em Birmingham, Alabama, em uma família de classe média baixa, composta por três irmãs. O ambiente em que cresceu moldou sua determinação em lutar contra a opressão, especialmente porque Alabama era um estado com segregação racial nessa época, uma prática que só seria abolida duas décadas após seu nascimento.

Em Birmingham, ela testemunhou a violência racial explícita, incluindo ataques da Ku Klux Klan, que chegaram a bombardear uma igreja frequentada pela comunidade negra, resultando na morte de quatro amigas próximas de Angela e sua família.

Essas experiências marcantes em sua infância a levaram a abraçar a causa da justiça social e a se comprometer a lutar contra a opressão.

Anos de Educação e Formação

Angela, uma estudante dedicada, recebeu uma bolsa de estudos em 1959 para estudar em Nova York, onde teve a oportunidade de aprender com intelectuais influentes, como Herbert Marcuse, um pensador de esquerda associado à Escola de Frankfurt. Marcuse a incentivou a estudar na Alemanha, o que ela fez no ano seguinte, aprimorando sua educação com figuras notáveis como Theodor Adorno e Oskar Negt.

Ao retornar aos Estados Unidos, Angela ingressou no curso de filosofia na Universidade Brandeis, em Massachusetts, e concluiu seu mestrado em 1968 na Universidade da Califórnia, onde mais tarde se tornaria professora assistente.

Ativismo e Filiação ao Partido Comunista

Durante os tumultuados anos 60, em plena Guerra Fria, Angela Davis se juntou ao Partido Comunista dos Estados Unidos. Sua afiliação política a colocou na mira das autoridades e resultou na proibição de ministrar aulas na faculdade.

Angela Davis e os Panteras Negras

Angela se aproximou ainda mais da luta antirracista quando se envolveu com o Partido dos Panteras Negras, uma organização urbana com ideais socialistas e marxistas que defendia a autodefesa da comunidade negra e o fim da violência policial e racista. Eles até realizavam patrulhas em bairros negros para proteger a população.

À medida que o partido crescia, tornava-se uma ameaça para os racistas, levando o então governador Ronald Reagan a aprovar uma lei que proibia o porte de armas nas ruas na tentativa de desarmar os Panteras Negras.

Perseguição e o Movimento “Free Angela”

Durante o julgamento de três jovens negros acusados do assassinato de um policial, ativistas dos Panteras Negras invadiram o tribunal, resultando em confrontos e na morte de cinco pessoas, incluindo o juiz. Embora Angela não estivesse presente, a arma usada estava registrada em seu nome, tornando-a uma figura perigosa e uma das dez pessoas mais procuradas pelo FBI.

Angela fugiu e permaneceu foragida por dois meses, sendo finalmente capturada em Nova York em 1971. Durante os 17 meses de seu julgamento, Angela permaneceu presa, enfrentando acusações graves, incluindo a possibilidade de pena de morte.

No entanto, devido à sua visibilidade, importância e inocência, Angela recebeu amplo apoio da sociedade. O movimento “Free Angela” foi criado em sua defesa, com músicas como “Sweet Black Angel” dos Rolling Stones e “Angela” de John Lennon e Yoko Ono, destacando seu caso.

Em junho de 1972, Angela foi libertada e inocentada.

O Ativismo Contínuo de Angela

O ativismo de Angela Davis abrange não apenas a resistência antirracista, mas também a luta contra o machismo e as injustiças no sistema prisional. Além disso, ela se posiciona a favor dos direitos dos animais, sendo agora vegana, e aborda questões como homofobia, transfobia, xenofobia, causas indígenas, aquecimento global e desigualdades causadas pelo capitalismo.

Uma das citações notáveis de Angela resume seu pensamento: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela, porque tudo é desestabilizado a partir da base da pirâmide social onde se encontram as mulheres negras, muda-se isso, muda-se a base do capitalismo.”

Atualmente, Angela é uma respeitada professora na Universidade da Califórnia, onde integra o departamento de estudos feministas e conduz pesquisas sobre o sistema carcerário dos Estados Unidos. Sua vida e história servem como uma poderosa ferramenta de transformação social, inspirando movimentos sociais e revolucionários em todo o mundo.

Angela Davis no Brasil

Angela continua a influenciar o mundo com seu ativismo e, em 2019, esteve no Brasil, onde participou de um ciclo de palestras no evento “Democracia em Colapso?”, organizado pela editora Boitempo e pelo Sesc São Paulo. Ela também lançou seu livro, “Uma Autobiografia”, durante essa visita.

Embora Angela tenha visitado o Brasil anteriormente, principalmente na Bahia, essa foi a primeira vez que ela esteve em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Livros Relevantes de Angela Davis

Angela Davis tem quatro obras importantes que foram traduzidas para o português pela editora Boitempo:

  1. “Mulheres, Raça e Classe” (2016) – Este livro traça um panorama da situação das mulheres ao longo da história, abordando as interseções entre raça e classe social.
  2. “Mulheres, Cultura e Política” – Esta obra reúne artigos que exploram a situação das mulheres nos EUA ao longo das décadas, bem como as relações políticas e econômicas norte-americanas em outras partes do mundo.
  3. “Uma Autobiografia” – Publicada em 1974, esta autobiografia de Angela Davis relata sua vida e o contexto racialmente tenso dos anos 60 e 70 nos Estados Unidos.
  4. “A Liberdade é uma Luta Constante” – Este livro compila artigos recentes de Angela Davis escritos entre 2013 e 2015, abordando importantes reflexões sobre a liberdade e seu relacionamento com o movimento negro e feminista nos EUA, bem como outras lutas por emancipação humana.

Resumo da Biografia de Angela Davis

Angela Davis, renomada ativista afro-americana, emergiu como um ícone na luta contra a opressão, particularmente combatendo o racismo e o patriarcado. Sua jornada começou em Birmingham, Alabama, uma cidade marcada pela segregação racial e violência contra a comunidade negra. Angela aproveitou sua educação, estudando com intelectuais notáveis, como Herbert Marcuse e Theodor Adorno, antes de se envolver com o Partido Comunista e, posteriormente, se juntar aos Panteras Negras.

Sua vida de ativismo foi intensa, marcada por um julgamento controverso que a tornou uma figura internacionalmente reconhecida. O movimento “Free Angela” chamou a atenção para sua causa, resultando em sua libertação e inocentação em 1972.

Hoje, Angela Davis continua sua luta por justiça social, abordando questões que vão desde o sistema prisional até os direitos dos animais e a desigualdade causada pelo capitalismo. Ela também inspirou movimentos em todo o mundo e visitou o Brasil em 2019.

Seus livros, incluindo “Mulheres, Raça e Classe”, “Mulheres, Cultura e Política”, “Uma Autobiografia” e “A Liberdade é uma Luta Constante”, têm sido fundamentais para disseminar suas ideias e seu compromisso com a transformação social. Angela Davis é uma voz influente que continua a moldar as conversas sobre igualdade e justiça em todo o mundo.

CONHEÇA A HISTÓRIA DE ANGELA DAVIS em VÍDEO