Biografia de Basílio da Gama
O poeta luso-brasileiro Basílio da Gama, nascido em 1741 e falecido em 1795, é reconhecido por sua obra magna “O Uraguai”, tida como o auge do gênero épico dentro do Arcadismo no Brasil. Ele é o fundador da cadeira de número 4 da Academia Brasileira de Letras.
A vida de José Basílio da Gama teve início no arraial de São José dos Rios da Morte, que atualmente é conhecido como Tiradentes, situado em Minas Gerais. A data marcante de seu nascimento foi 08 de abril de 1741. Após perder os pais precocemente, foi encaminhado para ser educado no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro.
Basílio da Gama e o Marquês do Pombal
No ano de 1759, uma decisão drástica do Marquês de Pombal levou à expulsão dos jesuítas dos territórios portugueses, o que impulsionou Basílio da Gama a prosseguir seus estudos no colégio episcopal de São José. Posteriormente, ele empreendeu viagem à Itália e logrou ingressar na prestigiada Arcádia Romana, adotando o pseudônimo de “Termindo Sipílio”, um feito notável para um brasileiro naquela era.
Em 1765, Basílio compôs a “Ode a Dom José I”, em honra ao monarca português. Após retornar ao Rio de Janeiro em 1767, um ano depois, foi para Lisboa, onde acabou preso por determinação do Marquês de Pombal, sob a suspeita de colaboração com os jesuítas. Naquele tempo, qualquer um que fosse apanhado em comunicação com a ordem era exilado para Angola por um período de oito anos.
A condenação ao exílio em Angola foi imposta a Basílio da Gama, mas ele conseguiu reverter a situação com a criação do poema “Epitalâmio às Núpcias da Sra. D. Maria Amália” (1769), que tecia loas ao Marquês de Pombal e criticava os jesuítas. Este gesto alterou o curso de seu destino, ganhando a benevolência de Pombal, que o agraciou com o título de nobreza e o cargo de Secretário do Reino.
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O Uraguai – Poema Épico
A publicação de “O Uraguai” em 1769 posicionou Basílio da Gama como uma figura central no Arcadismo brasileiro. Esse poema épico, que destila alguns dos versos mais expressivos da língua portuguesa, aborda a luta travada por portugueses e espanhóis contra os habitantes dos Sete Povos das Missões, localizados nas missões jesuíticas do atual Rio Grande do Sul, que resistiam às imposições do Tratado de Madri sobre as fronteiras meridionais do Brasil.
“O Uraguai” se desdobra em cinco cantos, e a despeito de abarcar as características clássicas de um épico, destaca-se por sua forma contínua, sem a divisão em estrofes. A empatia do autor para com a valentia indígena e seu apreço pela paisagem do Brasil colocaram Basílio da Gama como um precursor dos movimentos “Indianismo” e “Nativismo“, que viriam a florescer no século seguinte com a literatura romântica.
Um dos trechos mais memoráveis é o da morte da índia Lindóia (canto IV), que, ao ser informada do falecimento de “Cacambo”, seu amado, sucumbe à picada de uma serpente:
Lindóia
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes.
Entre a ira, e o temor, Enfim sacode
O arco, e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia, e fere
A serpente na testa, e a boca, e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açoita o campo coa ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno. (…)
Outras Obras
Com um talento nato para fundir questões políticas à poesia, Basílio da Gama apresentou ao público em 1776 “Os Campos Elísios”, um poema que glorifica as presumidas virtudes cívicas de integrantes da linhagem do Marquês do Pombal.
Após o falecimento do monarca em 1777, e a consequente queda de Pombal, Basílio manteve sua lealdade e chegou a redigir peças em sua defesa. Em 1788, compôs “Lenitivo da Saudade” como um lamento pela morte de Dom José I.
Reconhecido pela Academia das Ciências de Lisboa, Basílio da Gama publicou sua derradeira obra, “Quitúbia” (1791), louvando a figura de um chefe africano que ajudou na defesa da colônia durante os conflitos com os holandeses.
O desenlace da vida de Basílio da Gama ocorreu em Lisboa, Portugal, no dia 31 de julho de 1795.
Lista de obras:
- Epitalâmio às núpcias da Sra. D. Maria Amália (1770)
- O Uraguai (1769)
- A declamação trágica (1772), poema dedicado às belas artes
- Os Campos Elíseos (1776)
- Relação abreviada da República e Lenitivo da saudade (1788)
- Quitúbia (1791)
(RESUMO) Biografia de Basílio da Gama
Basílio da Gama foi um destacado poeta do Arcadismo brasileiro, nascido em 1741, em Minas Gerais, e falecido em 1795, em Portugal. Conhecido principalmente pelo poema épico “O Uraguai”, ele é o patrono da cadeira nº. 4 da Academia Brasileira de Letras. Órfão desde cedo, foi educado no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro e mais tarde atingiu reconhecimento na Arcádia Romana, sob o pseudônimo “Termindo Sipílio”.
Sua vida foi marcada pela relação complexa com o Marquês de Pombal; após ser preso por suposta aliança com os jesuítas, evitou o exílio em Angola ao escrever um poema que louvava o Marquês, recebendo em troca uma carta de fidalguia e uma posição de Secretário do Reino.
“O Uraguai” é uma crítica à Guerra Guaranítica e expressa admiração pelos indígenas e pela natureza brasileira, sendo precursor dos movimentos “Indianismo” e “Nativismo”. Além disso, Basílio escreveu outras obras que misturam política e poesia, como “Os Campos Elísios” e “Lenitivo da Saudade”, e foi membro da Academia das Ciências de Lisboa. Seu último trabalho publicado foi “Quitúbia”, em 1791, e ele veio a falecer em Lisboa quatro anos mais tarde.
ARCADISMO
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