Heráclito foi um importante filósofo pré-socrático e considerado um dos mais famosos dentre os outros existentes, o pensador também fez parte da chamada escola Jônica e ficou conhecido como “o obscuro” pela grande dificuldade de interpretação do pensamento do mesmo, e claro, não podemos deixar de citar que Heráclito foi um dos principais influenciadores do pensamento de Hegel.
O filósofo pode ser visto como o principal representante da dialética e do mobilismo, ou seja, a realidade natural se caracteriza pelo movimento, todas as coisas para Heráclito estão em constante fluxo, fato esse que concebe o sentido básico de uma das suas frases mais famosas:
“Panta rei: tudo passa”.
Sendo o principal pensador a dizer que tudo passa, tudo flui, tudo muda. Vamos entender um pouco mais de sua vida e pensamento?
Breve Biografia
Heráclito de Éfeso nasceu em 500 a.C em êfeso atual Turquia no século VI a.C, o mesmo foi membro da família real da sua cidade natal. O filósofo não concordava com o poder e detestava multidões, por esse fato foi considerado um homem de personalidade forte e viveu grande parte da sua vida isolado de outras pessoas, pelo fato de nunca ter gostado da vida pública a sua filosofia não menciona política, arte e muito menos religião.
O filósofo foi considerado por muitos como o principal pensador pré-socrático, o mesmo buscava pela contemplação da natureza e principalmente a eterna busca pelo principio de todas as coisas.
Além de um grande filósofo também foi visto como o pai da dialética pela sua teoria dos contrários e por esse fato concebeu a realidade dos movimentos chamado de “devir” do “ vir a ser”, fato esse demonstrado por ele como a lei do cosmo.
Por ter passado quase toda sua vida afastado foi considerado por muitos como esnobe e orgulhoso, veio a falecer aproximadamente em 470 a.C com 70 anos de idade.
Filosofia de Heráclito
Como um grande filósofo pré-socrático também buscava um principio único de criação de todas as coisas, filosofia essa considerada unitarista, diferentemente de outros pensadores, como Tales de mileto que via na água o principio, já Anaxímenes dizia que era o ar e Anaximandro o apeíron, Heráclito concebeu o elemento fogo.
O filósofo baseava as suas ideias que tudo flui e que nada é permanente e a partir disso trouxe o conceito de “devir” (tudo está em permanente transformação) vamos entender um pouco mais desse conceito?
O “devir” é a constante mudança de um fluxo perpetuo do eterno devir, vir a ser, ou seja, tudo se transforma, nada permanece idêntico a si mesmo, ou seja, para o filósofo tudo se transforma no seu oposto.
Em linhas gerais o devir é derivado pela luta entre os contrários, tudo na natureza se junta em uma só unidade, ou seja, aquilo que é observado na natureza é unificado nessa mesma unidade através do devir.
O RIO
Como exemplo do seu pensamento a primeira lição que podemos compreender é: Tudo é fluxo.
Para o filósofo nada é permanente exceto a mudança: A mudança sempre chamou a atenção do filósofo e o fez pensar sobre durante toda a sua existência, por esse fato, Heráclito começou a observar as coisas sensíveis e com ela o fenômeno da mudança que explicava tudo a partir da transformação, nesse contexto ele concebeu um curioso exemplo:
“É impossível entrar no mesmo rio duas vezes”
Essa ideia ilustra bem o seu pensamento, ou seja, um indivíduo que entra no rio pela primeira vez já não é a mesma pessoa que entra no rio pela segunda vez, pois para o filósofo, essa mesma pessoa já envelheceu e sofreu mudanças de diversas formas, e as águas também não são as mesmas, por isso ele conclui: “ Ninguém pode banhar-se no mesmo rio duas vezes.”
Heráclito entende que tudo flui que tudo é movimento, nada permanece igual e tudo está em constante transformação, exceto o movimento, por isso é considerado o filósofo da evolução.
“Descemos e não descemos no mesmo rio, nós mesmos somos e não somos.”
Heráclito acredita que tudo no universo é mudança, imaginar um universo sem mudança é praticamente parar no tempo, no espaço.
Harmonia dos contrários (Dialético)
Como sabemos a base do pensamento do filosofo é que tudo muda, mas surge o questionamento, muda por qual motivo? Heráclito dizia que essas coisas mudavam, pois tudo passa de um contrario para o outro, ou seja, o frio passa e muda e se aquece, o que é vivo passa muda e morre, é da morte que nasce a vida.
Nesse contexto existe uma guerra perpetua entre os contrários, tanto que o próprio filósofo cita:
“A guerra é a mãe de todas as coisas e todas as coisas é rainha.”
Para ele essa guerra fazia-se necessária, pois sem ela nada passa a existir, a se completar, a se conciliar, a proporcionar uma harmonia ao universo, o universo para Heráclito é um e ao mesmo tempo são vários na qual ele chamava de “identidade na diferença.”
É nesse contexto que o filósofo foi considerado o criador do pensamento dialético e através disso a doutrina dos contrários, é nessas contradições que surge a unidade dialética e a relação de interdependência entre os opostos.
A escuridão apenas existe pelo fato da luz ser o oposto, ou seja, um não existe sem o outro.
O problema do ser
Heráclito enfrentou o problema filosófico do “ser” diante da lei da mudança, surgindo o seguinte questionamento: Como é possível conhecer algo que está sempre mudando?
Para o pensador o ser e o não ser são o mesmo, a única coisa que não muda é a própria mudança, pois a mudança é constante em todos os seres, o ser e o não ser são abstrações, o elemento verdadeiro é o “devir”.
Fogo como princípio
Heráclito enxergava no fogo o principio de tudo, mas diferentemente dos outros filósofos ele não estava buscando um elemento para ser a origem de tudo, o mesmo buscou no elemento fogo algo que traduzisse metafisicamente toda filosofia.
O fogo só existe pelo fato de estar consumindo o seu contrario, ou seja, é a representação da guerra perpetua e a mudança daquilo que é “morto” em algo “ vivo”.
“Esta ordem, idêntica para todas as coisas, não foi feita por nenhum dos deuses nem dos homens, mas existia sempre e é e será fogo eternamente vivo que segundo a medida se acende e segundo a medida se apaga.”
Deus, alma e ser humano.
Heráclito era considerado panteísta, ou seja, é a pessoa que acredita em Deus, mas Deus para o filósofo era a representação do universo e a razão que ultrapassa tudo e a todos.
A visão da alma para ele decorre nesse sentido, a alma deveria ser seca para haver a aproximação com o fogo e assim ascender os limites da mesma:
“Jamais poderás encontrar os limites da alma, por mais que percorra seus caminhos, tão profundo é o logos.”