O estoicismo ou também entendido como Escola Estoica teve inicio na Grécia antiga no século IV a.C, século esse compreendido pela presença da fase helenística, o pensamento só ficou realmente conhecido na cidade de Roma, a doutrina filosófica resistiu ao tempo e até hoje ainda permanece como algo atual.
As ideias advindas da filosofia são consideradas mais importantes nos dias atuais em vista da época em que foi criada, isso se dá pelo fato em que vivemos um mundo recheado de informações a todo o momento, assim, as pessoas encontram nos ensinamentos do estoicismo a paz interior, tranquilidade e a capacidade de lidar da melhor maneira possível com os problemas do dia a dia.
Assim, em linhas gerais, o estoicismo ensina a manter uma mente calma e racional independente daquilo que esteja acontecendo no momento, fato esse que ajuda as pessoas a se concentrar e entender que não se pode controlar tudo a sua volta.
Vamos conhecer um pouco mais dessa doutrina tão grandiosa?
Origem e fases do estoicismo
O termo é de origem grega “stoá”, que significa pórtico, pórtico eram locais destinados a ensinamentos filosóficos. O estoicismo se fundamentou através das leis da natureza e teve como principal fundador o filósofo grego “Zênon de Cítion (333 a.C-263 a.C) que através de sua obra intitulada” Hino a Zeus” concebeu a importância do materialismo na doutrina.
Zênon possuiu grandes seguidores da sua filosofia como Crisipo de Solis (280 a.C -208 a.C) figura essa de grande representatividade do estoicismo e a sua propagação e Panécio de Rodes (185 a.C-109 a.C) que através de sua obra “sobre os deveres” ajudou na concepção e difusão da doutrina entre os romanos em sua fase média.
Além desses dois grandes seguidores, não podemos deixar de citar Posidônio de Apameia (135 a.C.-51 a.C) a qual baseou seus pensamentos estoicista no racionalismo e no empirismo.
A partir disso, o estoicismo teve como principal influencia a filosofia platônica e o Cinismo, e a partir disso buscou conceber a paz de espírito como um dos principais objetivos para se alcançar a tranquilidade humana e a sua auto-suficiência.
A virtude para os estoicos é o principal principio para a busca da felicidade plena humana, e uma das curiosidades é que a escola estoica teve grande influência na formação da doutrina cristã.
O estoicismo pode ser entendido em três fases principais: Estoicismo antigo, estoicismo Helenístico Romano e Estoicismo Imperial Romano.
O Estoicismo antigo ou na língua grega (stoá antiga) é o período a qual o pensamento estava mais focado na questão ética, a fase teve a representação de grandes pensadores como Crisipo de Soli, Zênon de Cítion, Cleantes de Assos.
Já na fase do chamado Estoicismo Helenístico Romano ou na linguagem grega (stoá média) foi um período em que a ética abriu espaço para novos conhecimentos, ou seja, a fase ficou conhecida como eclética, podemos citar alguns seguidores importantes como Cícero, Panécio de Rodes, Posidônio de Apameia.
E por fim, a última fase ficou conhecido como o Estoicismo Imperial Romano na linguagem grega (stoá nova) fase essa que estava mais ligada a fatores religiosos tendo como principais expoentes Marco Aurélio, Sêneca e Epiteto.
As três grandes referencias estoicas
O pensamento estoico teve grandes nomes de referencias, mas aqui podemos citar três de suma importância para a sua elaboração, crescimento e conhecimento.
Marco Aurélio (121-180)
A primeira figura é conhecida como Marco Aurélio o mesmo foi imperador romano e obtinha de um grande poder, tanto que possuía um temível exercito poderoso e poderia ter qualquer mulher a sua disposição, usufruir de grandes luxurias e fortunas e obter tudo o que desejasse pelo resto de sua vida, ou seja, os chamados prazeres mundanos estavam disponíveis para o imperador, mas ao contrario da maioria das pessoas que são seduzidas pelo poder, Marco Aurélio era diferente.
Exatamente, Marco Aurélio escrevia seus principais pensamentos sobre o que ele achava de tudo isso, fato esse que acabou virando um livro “Meditações de Marco Aurélio”. Uma ótima frase do pensador e que resume bem a sua concepção estoica é:
“A felicidade de sua vida depende da qualidade de seus pensamentos.”
Epiteto (55-135)
Epiteto foi a segunda figura mais importante dentro da doutrina, o mesmo nasceu como escravo e ao longo da sua vida fundou a própria escola e ensinou muitas das maiores mentes das figuras mais poderosas de Roma, dentro os quais o próprio Marco Aurélio que acabamos de citar anteriormente.
Os ensinamentos de Epiteto estão contidos em seu livro “Manual de Epiteto” a qual consta seus pensamentos sobre a vida humana e com ela a paz de espírito e “ Discursos”. As obras foram revistas e editadas pelo seu grande discípulo Arriano de Nicomedia (86-175)
Sêneca (4 a.C-65)
Sêneca foi um grande filósofo, político, orador, poeta e tutor conselheiro de Nero visto como um poderoso Imperador romano, além disso, o pensador foi um grande dramaturgo e considerado uma das pessoas mais ricas de Roma de sua época.
O mesmo também propiciou pensamentos importantes acerca da filosofia estoicista, tanto que a sua filosofia o levou a momentos extremos.
Sêneca esteve inserido na terceira fase estoica e dentre as suas principais obras podemos citar: “Diálogos” e “ Cartas e Tragédias”.
O estoicismo
De acordo com o pensamento estoico há coisas que não estão sob o nosso controle e há coisas que conseguimos controlar, a verdade é que a maioria das coisas não depende de nós, como o clima, o rumo da economia, a morte, o tempo, e nesses princípios, não há nada em que nós seres humanos podemos fazer para controlar tais coisas que estão fora do nosso controle.
Mas você deve estar se perguntando, afinal, o que está sob o nosso controle?
Para os estoicos podemos controlar as ações, opiniões e principalmente como interpretamos o mundo ao nosso redor, diante desse fator, a doutrina prega que devemos concentrar nas coisas que podemos controlar.
Portanto, quando acreditamos que as coisas fora do controle proporcionam felicidade e prazeres , nos tornamos passageiros e consequentemente a felicidade passa a não depender de nós mesmos, fato esse que é extremamente oposto ao pensamento da filosofia estoica.
O estoicismo também ressalta que nós precisamos estar cientes que o mundo é imprevisível, ou seja, mesmo se tudo tiver a mil maravilhas hoje, amanhã, depois, isso algum dia pode mudar, tanto para o bem tanto para o mal, além disso, a vida humana é curta e a mesma acaba passando muito rápido, nesse ponto de vista, é preciso aproveitar cada momento de nossas vidas, atitude essa que proporciona positividade e o bom alento.
A filosofia valoriza muito as ações e com elas os atos que são realizados, ou seja, os estoicos não valorizam as palavras, pois as mesmas podem conter enganações e até mesmo levar o ser humano ao sofrimento, preocupações, perturbações, e assim em diante.
Veja abaixo as principais características da filosofia:
- Aceitar o destino sem reclamações e fazer o melhor possível sempre;
- Agir sempre de acordo com a razão, e não com a emoção;
- Concentrar as ações da vida naquilo que pode ser controlado e deixar de lado o que não pode ser;
- Sempre agradecer pelo o que se tem e nunca ficar se queixando pelo que não se tem;
- Agir sempre de forma prudente e assumir responsabilidades sobre os seus atos;
- Viver em harmonia consigo mesmo, com a humanidade e com a natureza;
- Ser educado, generoso e saber perdoar os demais;
Principais lições do Estoicismo
- “Fazer o bem sem esperar nada em troca”, frase essa muito escutada nos dias atuais, pois sabemos que a natureza humana muitas das vezes pratica o bem esperando algum beneficio próprio, fato esse considerado pelos estoicos abomináveis, é preciso fazer o bem e sentir a tranquilidade de tal ação.
- “A verdadeira beleza está no caráter” É através disso que se é valorizado a essência e o valor da pessoa, ou seja, a beleza está em seu núcleo, em seu caráter ou personalidade, não importando a aparência física. (bonita ou feia, jovem ou idosa, rica ou pobre)
- “A personalidade ideal a qual nós devemos perseguir é o ”Sábio Estorico”, essa exemplificação não é colocar uma pessoa superior a outra, e sim, para haver ações de maneira racional e consequentemente proporcionar o bem estar próprio e de todos, pensar o que “sábio estoico” faria é de grande ajuda para os desafios do dia a dia.
O estoicismo acentua que não é necessário deixar-nos nos levar por crenças e paixões definidas por eles como “doentias” como dores, desejo, medo ou prazer, pois são emoções irracionais e sem fundamentos.
Para eles é natural sentir essas emoções durante a vida, mas é necessário buscar agir de forma racional, ou seja, é necessário agir sob a razão em vista dos sentimentos. É aquela famosa frase:
“Agir pelo coração ou pela razão”?
Agora você já sabe a resposta de acordo com a filosofia estoica. Os estoicos não eram figuras sem sentimentos e frios, mas eles tinham emoções e sentimentos de forma moderada não tornando escravos dos mesmos.
Ufa, muitos ensinamentos importantes não é? Acho que muitas pessoas deveriam conhecer o pensamento estoico e pensar um pouco mais sobre ele no dia a dia, forma essa muito importante de ser pensada para a paz interior.
Estoicismo x epicurismo
O estoicismo e o epicurismo foram duas doutrinas de suma importância para a construção do pensamento filosófico, mas é importante ressaltar que ambos apresentam diferenciações importantes de serem analisadas como veremos na tabela abaixo:
ESTOICISMO | EPICURISMO |
O estoicismo é uma corrente centrada em uma ética de caráter rigoroso visto de acordo com as chamadas “Leis da natureza” | Vertentes relacionadas ao Hedonismo a qual a busca de prazeres terrenos e a procura por bens materiais são fatores principais de discussão da doutrina. |
Universo governado por uma razão universal divina (logos divino) e a virtude é o único bem do homem. | Os homens são movidos por interesses individuais e cada um tem como dever procurar no prazer refinado a felicidade para o preenchimento da alma. |
Não acreditam em reencarnação | A alma necessariamente deve ser cultivada |