Biografia de António José de Almeida
António José de Almeida (1866-1929) foi um destacado político e renomado escritor de Portugal, tendo sido um dos líderes mais carismáticos do Partido Republicano. Ele ocupou a presidência do país de 1919 a 1923.
Nascido em Vale da Vinha, Penacova, Coimbra, em 17 de julho de 1866, António José de Almeida era filho de José António de Almeida, um industrial e comerciante, e de Maria Rita das Neves Almeida. Seus primeiros anos de estudos foram em São Pedro de Alva. Em 1880, ingressou no prestigioso Liceu Central de Coimbra, onde, entre 1885 e 1889, aprofundou seu conhecimento em Matemática e Filosofia. No mês de julho de 1889, iniciou seus estudos de Medicina na Universidade de Coimbra, concluindo seu bacharelato em 1894, com honras que lhe renderam o prêmio Barão de Castelo da Paiva, destinado aos alunos mais destacados. Sua jornada acadêmica culminou em 1895, quando obteve a licenciatura, sendo aprovado com unanimidade no exame de formatura em Prática Médica e Cirúrgica.
Durante sua época de estudante, António José de Almeida testemunhou o descontentamento causado pelo Ultimato Inglês de 1890, que exigia a retirada das tropas militares portuguesas das colônias de Moçambique e Angola. Nesse mesmo ano, ele publicou o polêmico artigo intitulado “Bragança, o Último” no jornal acadêmico “O Ultimatum”, que foi considerado um ultraje ao rei Carlos I. Como resultado, ele enfrentou um processo judicial e foi condenado a três meses de prisão. No entanto, ao ser libertado, foi recebido com entusiasmo pelo povo. Apesar de sua formação médica, António José de Almeida não pôde seguir a carreira docente, como relatou em sua obra “Desafronta” (História d’uma perseguição).
António José de Almeida tornou-se um ardente defensor do movimento republicano e assinou o “Manifesto da Academia de Coimbra”, que proclamava os princípios republicanos. Ele também começou a contribuir para os jornais “O Alarme” e “Azagais”. Em 1896, partiu para S. Tomé e Príncipe, na África, onde exerceu a Medicina, especializando-se no tratamento de doenças tropicais. Durante esse período, ele fundou a “Associação Pró-Pátria”, que tinha como objetivo auxiliar no repatriamento de colonos europeus.
Em 1903, António José de Almeida retornou a Portugal e embarcou em uma viagem de estudos e lazer pela França, Itália, Holanda e Suíça. No ano seguinte, ele estabeleceu sua prática médica em Lisboa. Paralelamente, ele se envolveu cada vez mais no movimento republicano. Em 1905, fez um discurso no funeral de Rafael Bordalo Pinheiro, um artista e ardente defensor da república. Em 1906, foi eleito para o diretório do Partido Republicano Português e como deputado pelo Círculo Oriental de Lisboa. Nesse período, ele também contribuiu para o periódico “A Luta”.
Em 1907, António José de Almeida se tornou membro da loja maçônica de Lisboa, adotando o nome simbólico de Álvaro Vaz de Almada. Como republicano fervoroso, ele conspirou contra a ditadura de João Franco e participou ativamente do movimento que visava derrubar a monarquia. Em 1908, foi eleito deputado republicano e, no ano seguinte, no Congresso Republicano, foi escolhido para liderar a ala civil do Comitê Revolucionário.
Com a Proclamação da República Portuguesa em 5 de outubro de 1910, António José de Almeida foi nomeado para a pasta do Interior do Governo Provisório liderado por Teófilo Braga. Em 1911, ele implementou reformas significativas nas Escolas Normais Superiores e no ensino superior, incluindo a criação das universidades do Porto e de Lisboa. Ele também desempenhou um papel fundamental na elaboração da Constituição Universitária e na reforma do ensino artístico. Nesse mesmo ano, ele fundou o jornal “República” e escreveu obras notáveis como “Desafronta e Palavras de um Intransigente”, “Alma Nacional” e “Monarquia Nova”.
Em 1912, António José de Almeida fundou o “Partido Evolucionista” e defendeu a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial, em aliança com a Inglaterra. Em 1916, ele se reconciliou com Afonso Costa e liderou a “União Sagrada”, uma coalizão de partidos políticos estabelecida após a declaração de guerra à Portugal pela Alemanha. Ele foi eleito presidente de Portugal e serviu de 1919 a 1923. Durante seu mandato, ele lançou uma campanha a favor da criação de uma comunidade luso-brasileira. Em 1925, foi eleito deputado por Lisboa.
A vida de António José de Almeida chegou ao fim em 31 de outubro de 1929, quando ele faleceu em Lisboa, Portugal.
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Principais Obras de António José de Almeida
A sua obra reparte-se pelos manifestos, artigos, cartas, entrevistas e sobretudo pelos discursos. Improvisador de génio, as suas peças de oratória ficaram célebres, destacando-se os discursos proferidos nos funerais de Rafael Bordalo Pinheiro e de José Falcão, no Parlamento e durante a sua visita ao Brasil, que podem ser consultados na obra intitulada 40 Anos da Vida Literária e Política, Lisboa, J. Rodrigues e Companhia, 1934.
Resumo da Biografia de António José de Almeida
António José de Almeida (1866-1929) foi um influente político e escritor português, membro proeminente do Partido Republicano e presidente de Portugal de 1919 a 1923. Nascido em Vale da Vinha, Coimbra, Almeida começou sua carreira como estudante de Medicina na Universidade de Coimbra, mas logo se envolveu na política republicana, enfrentando até prisão por suas opiniões. Ele desempenhou papéis importantes na Proclamação da República Portuguesa em 1910, liderou reformas educacionais e escreveu obras significativas. Além disso, ele foi um defensor da entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial e promoveu laços luso-brasileiros. Sua vida política incluiu liderança no Partido Evolucionista e cargos parlamentares. António José de Almeida faleceu em 1929, deixando um legado duradouro na história de Portugal.