Alexandre Herculano (Escritor português)

Biografia de Alexandre Herculano – O Romancista Português do Século XIX

Alexandre Herculano (1810-1877) foi um renomado escritor, historiador e jornalista lusitano, considerado um dos principais expoentes do Romantismo em Portugal, ao lado de Almeida Garrett e Antônio Feliciano de Castilho.

Infância e Educação

Nascido em Lisboa, Portugal, no dia 28 de março de 1810, Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo veio de uma família de origem humilde e frequentou o Colégio da Congregação do Oratório entre 1820 e 1825. Embora não tenha frequentado a universidade, não deixou de se dedicar ao aprendizado. Em 1830, realizou um curso de Comércio e, em seguida, fez o curso de diplomacia na Torre do Tombo. Além disso, ele dedicou-se ao estudo de línguas estrangeiras, como francês, inglês e alemão.

Jovem Intelectual

Desde cedo, Alexandre Herculano desenvolveu amizade com o escritor e visconde Antônio Feliciano de Castilho, por meio do qual entrou em contato com diversos intelectuais nos salões da Marquesa de Alorna, Leonor de Almeida Portugal.

Exílio na França de Alexandre Herculano

Comprometendo-se com as lutas liberais que se disseminavam por Portugal, Alexandre Herculano participou ativamente de atividades políticas e revolucionárias, o que acabou por persegui-lo e obrigá-lo a exilar-se na França em 1831. Foi nesse período que ele teve a oportunidade de mergulhar nas obras dos escritores românticos franceses, absorvendo as influências desse movimento literário.

Após seu retorno a Portugal, ele se alistou no exército de D. Pedro IV e esteve envolvido em várias batalhas. Em 1833, assumiu a posição de assessor do diretor da Biblioteca Pública do Porto, onde permaneceu até 1836.

Primeiras Obras Literárias

Ao regressar a Lisboa, Alexandre Herculano assumiu o cargo de diretor e redator da revista “Panorama”, onde publicou diversos estudos históricos, contos e novelas, posteriormente compilados nos livros “A Voz do Profeta” (1836) e “A Harpa do Crente” (1838).

Em 1839, recebeu o convite do rei D. Fernando para dirigir a Real Biblioteca da Ajuda, onde permaneceu por um longo período. Nesse contexto, em 1840, foi eleito deputado do partido Conservador pelo Círculo do Porto, embora seu temperamento não fosse muito adequado às atividades políticas. Gradualmente, ele foi se afastando da política para se dedicar completamente à literatura, produzindo seus famosos romances históricos “O Bobo” e “Eurico e o Presbítero”.

O Bobo

Baseado em seus profundos conhecimentos sobre a Idade Média na Península Ibérica, Alexandre Herculano escreveu o romance histórico “O Bobo”, que foi publicado pela primeira vez na revista “Panorama” em 1843. A história gira em torno da vingança do Bobo da Corte de D. Henrique contra o conde da Trava.

Eurico, o Presbítero

Outra obra notável de Alexandre Herculano é o romance “Eurico, o Presbítero” (1844), que trata da invasão dos árabes em Portugal durante a Idade Média. O enredo centraliza-se no amor proibido de Eurico por Hermengarda, uma história que explora o conflito entre o celibato clerical e a liberdade da paixão amorosa.

Além disso, o autor publicou “Monge de Cister” (1848), outro romance de temática monástica ambientado no final do século XVI. Em 1851, reuniu suas obras, incluindo “O Bobo” e “Eurico, o Presbítero”, no livro “Lendas e Narrativas”.

Historiador Eminente

Alexandre Herculano também se destacou como historiador rigoroso, preocupado com a precisão dos fatos, a confiabilidade das fontes e a análise econômica e social dos eventos históricos. Sua magnum opus foi a “História de Portugal” (1846-1853), uma obra em quatro volumes que é considerada uma das contribuições mais sérias para a historiografia de seu tempo. A obra abrange desde os primeiros anos da monarquia até o fim do reinado de Afonso III. Ele também escreveu “História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal” (1854-1859).

Últimos Anos e Legado de Alexandre Herculano

Nos últimos anos de sua vida, Alexandre Herculano se dedicou ao apoio de jovens escritores e também participou dos trabalhos de redação do Código Civil, no qual defendeu o casamento civil em detrimento do religioso, gerando polêmicas com o clero. Em 1866, aos 57 anos, casou-se e retirou-se para sua quinta em Val-de-Lobos, próxima a Santarém, onde continuou suas atividades literárias. Ele raramente saía de lá, exceto para apoiar os jovens escritores após a proibição das Conferências do Cassino Lisbonense em 1871.

Apesar de ter escrito algumas poesias, foi com seus contos e romances históricos, gênero que introduziu em Portugal, que Alexandre Herculano conquistou reconhecimento e consagração. Sua obra, marcada por traços neoclássicos, representa uma das contribuições mais significativas do Romantismo em Portugal.

Alexandre Herculano faleceu em Val-de-Lobos, Santarém, no dia 13 de setembro de 1877, e seus restos mortais foram sepultados no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, um local de honra e reconhecimento para esse grande nome da literatura portuguesa.

Resumo da Biografia de Alexandre Herculano

Alexandre Herculano (1810-1877) foi um destacado escritor, historiador e jornalista português, cujo nome se destaca ao lado de outros importantes representantes do movimento romântico em Portugal, como Almeida Garrett e Antônio Feliciano de Castilho.

Nascido em Lisboa, Alexandre Herculano teve uma origem humilde e estudou no Colégio da Congregação do Oratório. Embora não tenha frequentado a universidade, dedicou-se a aprender francês, inglês e alemão. Sua amizade com o visconde Antônio Feliciano de Castilho permitiu-lhe frequentar círculos intelectuais importantes.

Envolvido nas lutas liberais, teve de se exilar na França em 1831, onde entrou em contato com as influências do romantismo francês. De volta a Portugal, participou de batalhas e assumiu a direção da revista “Panorama”, onde publicou estudos históricos, contos e novelas.

Como escritor, ganhou destaque com romances históricos, como “O Bobo” e “Eurico, o Presbítero”, que exploraram a Idade Média na Península Ibérica e questões de amor proibido. Como historiador, escreveu a “História de Portugal” em quatro volumes, um trabalho respeitado em sua época.

Nos últimos anos de vida, dedicou-se a apoiar jovens escritores e também participou da redação do Código Civil, causando polêmica ao defender o casamento civil em detrimento do religioso.

Alexandre Herculano faleceu em 1877 e foi sepultado no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa. Sua obra, marcada pelo romantismo e características neoclássicas, continua a ser uma das importantes representações do Romantismo em Portugal.