Antonio Candido

Biografia de Antonio Candido

Antonio Candido (1918-2017) foi um eminente sociólogo, crítico literário, ensaísta e educador brasileiro, uma figura de destaque nos estudos literários do Brasil. Seu livro “Formação da Literatura Brasileira” é uma leitura essencial para aqueles que desejam aprofundar seu conhecimento sobre a literatura brasileira.

Antonio Candido de Mello e Souza veio ao mundo no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 1918, como filho do médico Aristides Candido de Mello e Souza e de Clarisse Tolentino de Mello e Souza. Sua instrução inicial ocorreu em casa, sob a orientação de sua mãe. Na infância, sua família mudou-se para Poços de Caldas, em Minas Gerais.

Em 1935, já residindo em São Paulo, Antonio Candido concluiu o ensino médio no Ginásio Estadual de São João da Boa Vista, no interior do estado. Entre 1937 e 1938, estudou no curso complementar do Colégio Universitário da Universidade de São Paulo (USP) e, durante esse período, também participou ativamente do Grupo Radical de Ação Popular, um movimento de oposição ao governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo.

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Formação

Em 1939, com a idade de 21 anos, Antonio Candido ingressou no curso de Direito da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e, simultaneamente, no curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Entretanto, optou por abandonar a Faculdade de Direito durante o quinto período e concluiu seu curso de Ciências Sociais em 1942.

Durante sua estadia na universidade, Antonio Candido fez parte de um círculo de amigos que incluía nomes notáveis que emergiram após o Modernismo de 1922, como Décio de Almeida Prado, Paulo Emílio Salles Gomes e Gilda Rocha (futura Gilda de Mello e Souza). Juntos, eles fundaram a revista “Clima“, que se tornou uma das publicações críticas mais influentes da época, marcando assim o início de sua carreira como crítico literário.

Carreira de Professor

Após concluir seus estudos, Antonio Candido tornou-se parte do corpo docente da USP, atuando como assistente de ensino do professor Fernando de Azevedo, na cadeira de Sociologia. Em 1945, ele conquistou a cátedra de Literatura Brasileira com uma tese de livre-docência intitulada “Introdução ao Método Crítico de Sílvio Romero”.

Em 1954, Antonio Candido obteve o título de doutor em Ciências Sociais com a tese “Os Parceiros do Rio Bonito”, uma investigação sucinta sobre o modo de vida rural. Entre 1958 e 1960, ele lecionou Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, atualmente integrada à Universidade Estadual Paulista.

Em 1961, ele retornou à USP como professor colaborador na disciplina de Teoria Literária e Literatura Comparada, e a partir de 1974, tornou-se professor titular na mesma universidade.

Crítico Literário

A carreira de Antonio Candido como crítico literário teve início na revista “Clima” entre 1941 e 1944. Em 1943, ele começou a contribuir para o jornal “Folha da Manhã”, onde reconheceu o talento de autores notáveis como João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector e Guimarães Rosa. Ele também foi um colaborador frequente do jornal “O Estado de São Paulo”, onde iniciou o Suplemento Literário em 1956.

Antonio Candido era conhecido por sua abordagem cordial à crítica, mantendo uma elegância singular e evitando debates vulgares, embora mantivesse firmes suas opiniões. A partir de 1959, ele se tornou uma figura central na crítica literária do Brasil. Seus ensaios e artigos críticos, publicados em jornais e como parte de sua pesquisa acadêmica, foram posteriormente compilados em obras como “Brigada Ligeira” (1945), “Vários Escritos” (1970) e “A Educação pela Noite” (1987).

Formação da Literatura Brasileira

Publicada em 1959, “Formação da Literatura Brasileira – Momentos Decisivos” foi a obra mais impactante de Antonio Candido. Para o autor, a “nacionalidade” da literatura brasileira não deve ser vista como uma força intrínseca e telúrica, mas sim como resultado de uma construção cultural. Daí a importância do subtítulo: “Momentos Decisivos”, que se referem aos momentos em que o desejo de criar uma identidade literária nacional moldou as atitudes dos escritores.

Antonio Candido elaborou uma história literária inovadora, explicitando o caráter narrativo de toda a cultura literária, enquanto excluía autores e períodos que não se alinhavam com a noção de “literatura propriamente dita”.

Vida Pessoal

Antonio Candido foi casado com Gilda de Mello e Souza (1919-2005), uma professora de Estética no Departamento de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. O casal teve três filhas: Ana Luísa Escorel, que se tornou designer e escritora, e Laura e Mariana, ambas professoras de história na USP.

Antonio Candido faleceu em São Paulo em 12 de maio de 2017.

Prêmios

  • Prêmio Jabuti (1965)
  • Prêmio Machado de Assis (1993)
  • Prêmio Camões (1998)
  • Prêmio Alfonso Reyes (2005), no México
  • Premio Juca Pato (2007)

Obras de Antonio Candido

  • Formação da Literatura Brasileira – Momentos Decisivos (1959)
  • Os Parceiros do Rio Bonito (1964)
  • Literatura e Sociedade (1965)
  • Vários Escritos (1970)
  • Presença da Literatura Brasileira (1971)
  • Na Sala de Aula: Caderno de Análise Literária (1985)
  • A Educação Pela Noite e Outros Ensaios (1987)
  • O Discurso e a Cidade (1993)
  • Estudo Analítico do Poema (1993)
  • Iniciação à Literatura Brasileira (1997)
  • O Romantismo no Brasil (2002)
  • Tempo de Clima (2002)
  • O Direito à Literatura e Outros Ensaios (2004)
  • Eça e Machado (2005)

Resumo da Biografia de Antonio Candido

Antonio Candido (1918-2017) foi um renomado sociólogo, crítico literário, ensaísta e educador brasileiro, figura proeminente nos estudos literários do Brasil. Seu livro “Formação da Literatura Brasileira” é fundamental para compreender a literatura do país. Nasceu no Rio de Janeiro, mudou-se para Minas Gerais na infância e estudou em São Paulo.

Candido ingressou na Universidade de São Paulo (USP), onde se envolveu em ativismo político contra o Estado Novo. Ele estudou Direito e Ciências Sociais, abandonando a faculdade de Direito para concluir Ciências Sociais. Entre seus amigos estavam Décio de Almeida Prado, Paulo Emílio Salles Gomes e Gilda Rocha, fundadores da revista “Clima”. Candido posteriormente lecionou na USP, tornando-se um professor de destaque.

Sua carreira de crítico literário começou na revista “Clima” e continuou com colaborações em jornais como a “Folha da Manhã” e “O Estado de São Paulo”. Ele era conhecido por sua abordagem respeitosa e elegante à crítica literária. Seus ensaios foram reunidos em obras como “Brigada Ligeira”, “Vários Escritos” e “A Educação pela Noite”.

Sua obra mais importante, “Formação da Literatura Brasileira – Momentos Decisivos”, publicada em 1959, revolucionou a história literária brasileira. Candido argumentou que a nacionalidade literária não era inerente, mas uma construção cultural. Ele delineou uma história literária narrativa, excluindo autores e períodos que não se alinhavam com sua noção de “literatura propriamente dita”.

Antonio Candido foi casado com Gilda de Mello e Souza e teve três filhas. Ele faleceu em São Paulo em 2017 e recebeu diversos prêmios, incluindo o Prêmio Jabuti e o Prêmio Camões.