Anita Malfatti
Biografia de Anita Malfatti
Anita Malfatti (1889-1964) foi uma renomada artista plástica brasileira que deixou uma marca indelével no cenário das artes visuais do país. Sua exposição expressionista na Exposição de Pintura Moderna, realizada em São Paulo, foi um ponto de viragem significativo para a renovação das artes plásticas no Brasil.
Infância de Anita Malfatti
Anita Catarina Malfatti veio ao mundo em São Paulo, no dia 2 de dezembro de 1889. Filha de Samuel Malfatti, um engenheiro italiano, e Betty Krug, uma descendente de alemães de nacionalidade norte-americana, Anita nasceu com uma atrofia na mão direita, o que a levou a ser treinada para usar a mão esquerda, com a ajuda de uma governanta.
Seus primeiros passos na educação foram no colégio São José, e posteriormente, ela estudou na Escola Americana. Em 1897, ingressou no Colégio Mackenzie.
Aos 13 anos, Anita já sentia a pressão precoce de tomar decisões sobre seu futuro. Nesse momento de incerteza, ela teve uma ideia radical: acreditava que vivenciar uma experiência intensa e perigosa poderia iluminar seu caminho. Ela deitou-se nos trilhos de uma linha de trem próxima à sua casa, no bairro da Barra Funda, esperando o trem passar sobre ela. Em um depoimento de 1939, já como uma artista consagrada, ela descreveu essa experiência como “horrível e indescritível”, repleta de cores e sensações que a inspiraram a dedicar-se à pintura.
Formação
Anita Malfatti recebeu suas primeiras lições de pintura com sua mãe, que após a morte de seu marido, passou a dar aulas de pintura e línguas para sustentar a família. Aos 19 anos, Anita se formou como professora.
Em 1910, com o apoio de um tio e seu padrinho, ela partiu para a Alemanha, onde estudou no ateliê de Fritz Burger antes de se matricular na Academia Real de Belas Artes em Berlim. Lá, ela mergulhou no mundo da pintura expressionista, que buscava expressar emoções intensas, distorcer formas e empregar cores pouco convencionais.
De volta ao Brasil em 1914, Anita Malfatti realizou uma exposição na Casa Mappim, exibindo seus estudos de pintura expressionista feitos sob a orientação de Lovis Corinth, em Berlim.
Em 1915, mudou-se para Nova Iorque, onde estudou na Arts Students League e na Independent School of Art, sob a orientação de Homer Boss, um mestre do expressionismo. Nesse período, ela teve a liberdade de explorar sua arte sem limitações estéticas.
Em 1917, Anita retornou a São Paulo e, incentivada por amigos, especialmente o pintor Di Cavalcanti, realizou uma exposição de suas obras, apresentando 53 trabalhos, incluindo pinturas, aquarelas e gravuras. Suas obras expressavam cores vibrantes, pinceladas que saltavam da tela e uma abordagem que desafiava as convenções artísticas da época, causando grande repercussão na imprensa.
Uma semana após a abertura da exposição, o escritor Monteiro Lobato publicou um artigo no jornal O Estado de S. Paulo, intitulado “Paranoia ou Mistificação?”, criticando ferozmente os traços exóticos da arte de Anita e acusando-a de ter sido influenciada pelas “extravagâncias de Picasso e companhia”. No entanto, para críticos europeus, a arte de Anita Malfatti representava uma forma emergente de Arte Moderna, espelhando o cubismo e o expressionismo, e essa crítica serviu como catalisador para o Movimento Modernista no Brasil.
A Semana de Arte Moderna
Após um período de um ano sem produzir obras, Anita retomou suas atividades artísticas, focando-se na natureza-morta. Foi nessa época que ela conheceu a pintora Tarsila do Amaral, dando início a uma amizade duradoura.
Incentivada pelos amigos, Anita participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e se tornou membro do Grupo dos Cinco, ao lado de Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti De Picchia. Durante a “Semana de Arte Moderna”, que apesar do nome teve apresentações em apenas três dias (13, 15 e 17 de fevereiro), no saguão do Teatro Municipal de São Paulo, obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret e outros artistas foram exibidas.
Reconhecimento Internacional
Entre 1923 e 1928, Anita viveu em Paris, onde realizou exposições individuais em Berlim, Paris e Nova York. Em 1928, ela retornou a São Paulo e começou a lecionar desenho na Universidade Mackenzie, permanecendo lá até 1933.
Em 1942, Anita Malfatti foi nomeada presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Suas obras estão presentes nos principais museus brasileiros, com destaque para “A Estudante Russa” no Museu de Arte Moderna de São Paulo, “A Boba” no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e “Uma Rua” no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Anita Malfatti faleceu em São Paulo em 6 de novembro de 1964, deixando um legado duradouro na história da arte brasileira.
Obras de Anita Malfatti
- O Burrinho Correndo (1909)
- Uma Estudante (1916)
- O Japonês (1916)
- O Homem de Sete Cores (1916)
- A Mulher de Cabelo Verde (1916)
- A Boba (1916)
- O Homem Amarelo (1916)
- O Barco (1915)
- A Estudante Russa (1915)
- O Farol (1915)
- Tropical (1917)
- A Onda (1917)
- A Chinesa (1922)
- Mario de Andrade I (1922)
- As Margaridas de Mário (1922)
- Paisagem dos Pirineus (1924)
- As Duas Igrejas (Itanhaém, 1940)
- Samba (1945)
Resumo da Biografia de Anita Malfatti
Anita Malfatti (1889-1964) foi uma influente artista plástica brasileira cuja exposição expressionista em São Paulo, na Exposição de Pintura Moderna, marcou uma revolução nas artes plásticas do Brasil. Sua infância foi marcada por desafios devido a uma deficiência na mão direita, mas isso não a impediu de seguir sua paixão pela pintura.
Anita aprendeu a pintar com sua mãe e, mais tarde, estudou na Alemanha, onde se aprofundou no expressionismo, um movimento artístico que buscava expressar emoções intensas. Em seu retorno ao Brasil, em 1914, ela expôs seus estudos expressionistas e, posteriormente, mudou-se para Nova Iorque para aprimorar suas habilidades.
Em 1917, Anita realizou uma exposição em São Paulo, apresentando obras com cores vibrantes e pinceladas ousadas, que contrastavam com as normas artísticas da época. Uma crítica negativa de Monteiro Lobato provocou um debate sobre sua arte e impulsionou o Movimento Modernista no Brasil.
Anita Malfatti participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e tornou-se parte do Grupo dos Cinco, ao lado de outros artistas notáveis. Ela também teve reconhecimento internacional, residindo em Paris e expondo em várias cidades importantes.
Anita Malfatti desempenhou um papel importante na evolução da arte moderna no Brasil e deixou um legado duradouro. Ela faleceu em São Paulo em 1964.
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