André Rebouças

Biografia de André Rebouças

André Rebouças (1838-1898): Engenheiro, Abolicionista e Monarquista Brasileiro

André Pinto Rebouças, nascido em 13 de janeiro de 1838 na cidade de Cachoeira, na Bahia, foi um renomado engenheiro, professor, abolicionista e monarquista brasileiro. Ele teve uma trajetória notável como o primeiro engenheiro negro a se formar na Escola Militar.

Origens e Educação

André Rebouças era filho de Antônio Pereira Rebouças, um advogado mulato autodidata, e de Carolina Pinto Rebouças, filha de um comerciante. Desde cedo, enfrentou problemas de saúde, mas isso não o impediu de buscar conhecimento.

Em 1842, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, quando seu pai foi eleito deputado pela Bahia ao Parlamento Imperial. Lá, André e seu irmão Antônio iniciaram sua educação no Colégio Valdetaro. Em 1849, mudaram-se para o Colégio Kopke, em Petrópolis, e depois para o Colégio Marinho, onde concluíram seus estudos em geografia, latim e inglês.

Em casa, os irmãos estudavam para os exames da Escola Militar, e em 1858, após anos de esforço, ambos se formaram com destaque.

Estudos na Europa

Com os diplomas de Engenheiro Militar em mãos, os irmãos Rebouças solicitaram uma bolsa de estudos na Europa, que foi concedida em 1861. Passaram um ano e sete meses na França e Inglaterra, onde aprofundaram seus conhecimentos em Engenharia Civil, estudando pontes, ferrovias, canais e outras construções.

Contribuições como Engenheiro Militar

Em 1863, foram nomeados pelo ministro da Guerra, Polidoro Fonseca, para inspecionar as fortificações do Litoral Sul, diante de ameaças de um possível ataque inglês. André e seu irmão desempenharam um papel crucial na vistoria de fortalezas em lugares como Santos e Paraná, e na supervisão da construção da Fortaleza de Santa Cruz, em Santa Catarina.

Em 1865, durante a Guerra do Paraguai, André se ofereceu diretamente ao imperador D. Pedro II e, com apenas 26 anos, partiu para a guerra. Sua tática de cerco a Uruguaiana, sem bombardear a cidade, foi fundamental para a rendição da guarnição paraguaia e estabeleceu uma amizade com o príncipe Conde d’Eu.

Após a morte de sua mãe, André solicitou a baixa do Exército e tentou ensinar hidráulica na Escola Central, mas enfrentou obstáculos burocráticos e acabou trabalhando em melhorias nas fortalezas de Óbidos e Tabatinga, no Amazonas.

Engenheiro da Alfândega do Rio de Janeiro

Em 1866, o ministro da Fazenda, Zacarias de Góis, nomeou André Rebouças como engenheiro da Alfândega do Rio de Janeiro, encarregado da construção das docas na região. Ele não apenas cuidou dos aspectos técnicos, mas também atuou como administrador e promotor das obras. Durante esse período, planejou e construiu as docas da Alfândega e da Gamboa, além de receber a visita de seu amigo Conde d’Eu.

André também projetou uma rede de abastecimento de água para a cidade do Rio de Janeiro e elaborou planos para as docas em Maranhão, Cabedelo, Recife e Bahia.

Ativismo Abolicionista

Antes de sua viagem à Europa e aos Estados Unidos, onde enfrentou a discriminação racial, André Rebouças já se destacava como defensor da abolição da escravatura.

Em 1880, seu pai faleceu, deixando André responsável por seus irmãos mais novos. Nesse período, ele se afastou das atividades sociais e concentrou-se em escrever artigos em jornais.

Finalmente, em 1880, ele foi nomeado professor da Escola Central, que na época era conhecida como Escola Politécnica. Ele se juntou a líderes abolicionistas como Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Luiz Gama, trabalhando nos bastidores para administrar fundos, organizar manifestações e apoiar a causa.

A Lei Áurea e os Últimos Anos

O ápice de sua campanha abolicionista ocorreu em 13 de maio de 1888, quando a Lei Áurea foi assinada, finalmente pondo fim à escravidão no Brasil. No entanto, André Rebouças, que tinha grande respeito pelo imperador D. Pedro II, sentiu-se dividido, pois via a libertação dos escravos como um prenúncio da República.

Com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, Rebouças embarcou para a Europa junto com a família real, mantendo contato através de cartas.

Em 1891, a morte do imperador o abalou profundamente. Ele viajou para a África, mas ficou horrorizado com a fome e a miséria do país. Decidiu então se estabelecer em Funchal, na ilha da Madeira, onde começou a lecionar.

André Pinto Rebouças faleceu em Funchal, Portugal, em 9 de maio de 1898. Seu corpo foi encontrado aos pés de uma rocha, próximo à sua residência.


Resumo da Biografia de André Rebouças

André Rebouças (1838-1898) foi um influente engenheiro, abolicionista e monarquista brasileiro. Nascido na Bahia, destacou-se como o primeiro engenheiro negro a se formar na Escola Militar. Após estudos na Europa, contribuiu como engenheiro militar, inspecionando fortificações e participando da Guerra do Paraguai.

Mais tarde, como engenheiro da Alfândega do Rio de Janeiro, liderou importantes projetos de construção de docas e redes de água. Rebouças também desempenhou um papel crucial no movimento abolicionista, trabalhando nos bastidores com líderes como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio. Sua maior conquista foi a assinatura da Lei Áurea, que pôs fim à escravidão em 1888.

Após a Proclamação da República em 1889, Rebouças se mudou para a Europa, mas sua saúde mental e emocional foi abalada com a morte do imperador D. Pedro II. Ele passou seus últimos anos na Madeira, onde deu aulas. André Pinto Rebouças faleceu em 1898, sendo lembrado como um pioneiro na engenharia e um defensor incansável da liberdade e igualdade.